30 outubro 2007
página 161, 5ª linha
o desafio exige o cumprimento dos seguintes 5 passos:
1. pegue no livro mais próximo, com mais de 161 páginas – implica aleatoriedade, não tente escolher o livro;
2. abra o livro na página 161;
3. na referida página procurar a 5.ª frase completa;
4. transcreva na íntegra para o seu blogue a frase encontrada;
5. aumentar, de forma exponencial, a improdutividade, fazendo passar o desafio a mais 5 bloggers à escolha.
em resposta ao gentil desafio da ana salomé, aqui fica a 5ª frase da página 161, de um livro que tenho aqui ao lado.. afinal, tenho dois livros.. e agora??
primeiro livro:
'a sua tese é a de que a diferença entre organizações positivas e negativas radica, em grande parte, em 'pequenas coisas', em comportamentos quotidianos e relações interpessoais que criam e reforçam determinados padrões culturais.'
in 'organizações positivas', miguel pina e cunha, arménio rego, rita campos e cunha
(publicações dom quixote)
segundo livro:
a página 161 é ocupada totalmente por uma magnífica fotografia de joan fontaine. de certa forma, é ela a quinta (e a quarta e a décima oitava e a..) linha completa, desta página 161..
in 'como o cinema era belo', joão bénard da costa, um maravilhoso livro-catálogo do ciclo de cinema homónimo, organizado, entre novembro de 2006 e fevereiro de 2007, pela fundação calouste gulbenkian
desculpem a batota!
porque 5 passos são 5, passo delicadamente (e com curiosidade!) o desafio a:
mar, 'artic bar'
lebre, 'there's only 1 alice'
j., 'o blog azul turquesa'
abssinto, 'foi em novembro que partiste'
nuno, 'espaço cinzento'
1. pegue no livro mais próximo, com mais de 161 páginas – implica aleatoriedade, não tente escolher o livro;
2. abra o livro na página 161;
3. na referida página procurar a 5.ª frase completa;
4. transcreva na íntegra para o seu blogue a frase encontrada;
5. aumentar, de forma exponencial, a improdutividade, fazendo passar o desafio a mais 5 bloggers à escolha.
em resposta ao gentil desafio da ana salomé, aqui fica a 5ª frase da página 161, de um livro que tenho aqui ao lado.. afinal, tenho dois livros.. e agora??
primeiro livro:
'a sua tese é a de que a diferença entre organizações positivas e negativas radica, em grande parte, em 'pequenas coisas', em comportamentos quotidianos e relações interpessoais que criam e reforçam determinados padrões culturais.'
in 'organizações positivas', miguel pina e cunha, arménio rego, rita campos e cunha
(publicações dom quixote)
segundo livro:
a página 161 é ocupada totalmente por uma magnífica fotografia de joan fontaine. de certa forma, é ela a quinta (e a quarta e a décima oitava e a..) linha completa, desta página 161..
in 'como o cinema era belo', joão bénard da costa, um maravilhoso livro-catálogo do ciclo de cinema homónimo, organizado, entre novembro de 2006 e fevereiro de 2007, pela fundação calouste gulbenkian
desculpem a batota!
porque 5 passos são 5, passo delicadamente (e com curiosidade!) o desafio a:
mar, 'artic bar'
lebre, 'there's only 1 alice'
j., 'o blog azul turquesa'
abssinto, 'foi em novembro que partiste'
nuno, 'espaço cinzento'
29 outubro 2007
estação de inverno: 2-ª estação
amanhã, a segunda estação de inverno.
a poesia líquida de filipa leal.
e o surpreendente lado escuro de lloyd cole.
[terças: 23h-24h; repete domingos: 19h-20h]
a poesia líquida de filipa leal.
e o surpreendente lado escuro de lloyd cole.
[terças: 23h-24h; repete domingos: 19h-20h]
hoje apetece-me despir-me de mim.
tirar a pele, como aquela rapariga iraniana retratada num banho público de teerão, através da video arte de uma senhora que marca a contemporaneidade.
deixar-me para trás, juntamente com a pele.
vestir uma t-shirt branca-como-só-o-branco-pode-ser. com letras negras nela inscritas, em itálico, dizendo apenas:
forget me not
a culpa é da inês. a inês e a sua arca do tesouro.
a inês devia ser presa.
é que uma pessoa ouve estas coisas..
'e estala-se-lhe o coração de dor' (helder moura pereira).
orchestral manoeuvres in the dark, 'souvenir'
tirar a pele, como aquela rapariga iraniana retratada num banho público de teerão, através da video arte de uma senhora que marca a contemporaneidade.
deixar-me para trás, juntamente com a pele.
vestir uma t-shirt branca-como-só-o-branco-pode-ser. com letras negras nela inscritas, em itálico, dizendo apenas:
forget me not
a culpa é da inês. a inês e a sua arca do tesouro.
a inês devia ser presa.
é que uma pessoa ouve estas coisas..
'e estala-se-lhe o coração de dor' (helder moura pereira).
orchestral manoeuvres in the dark, 'souvenir'
28 outubro 2007
25 outubro 2007
365 dias & 600 posts depois = 1-º aniversário
porque 'só a ternura salva' (jorge sousa braga).
há um ano, foi assim..
quarta-feira (ou o novo princípio do tempo)
é tempo de voltar às palavras simples.
é tempo de voltar às palavras.
é tempo de voltar.
é tempo.
bem-vindos.
obrigado a todos vós.
24 outubro 2007
elle s'appelle sabine
fotograma do filme 'elle s'appelle sabine', de sandrine bonnaire, documentando a história familiar real da sua irmã autista, sabine bonnaire.
[exibido durante o DocLisboa 2007]
porque quem nunca conviveu de perto com a doença mental de familiares, amigos, pessoas próximas não faz ideia do que é.
porque é preciso lutar pela dignidade destas pessoas diferentes, que não têm culpa (essa palavra que devia ser interdita de ser usada por tanta gente que a usa como brutal arma de arremesso).
porque é preciso apoiar as famílias, através de medidas concretas e de ajudas fraternas e solidárias, aliviando o sofrimento atroz, impotente e, não raro, desesperado de quem à sua volta tenta minorar os efeitos desagregadores e corrosivos da doença mental.
porque é preciso ter coragem para olhar de frente o que muitos prefeririam varrer para debaixo do tapete, abandonar num ermo distante, fechar à chave num sótão qualquer.
porque todas as pessoas têm direito a um nome.
por tudo isto, é preciso dizer
'elle s'apelle sabine mais elle s'appelle aussi____________________'.
joão coito, jornalista e pessoa de bem, faleceu neste outubro de 2007. conotado sempre com a direita ideológica (durante e após o chamado 'estado novo'), nunca abdicou, segundo obituários vários e testemunhos diversos, de ser 'uma pessoa de bem', 'de correcção extrema', 'do mais fino trato', 'de grande educação', 'um bom jornalista', um 'amigo íntegro'.
na peça que por estes dias - e com algum atraso.. - o 'público' deu à estampa, a mulher dele diz 'apenas' isto
'era uma pessoa extraordinária, fora de série. foi a paixão da minha vida'.
uma pessoa lê isto e comove-se. uma pessoa lê isto e pensa para consigo: 'talvez ainda valha a pena'.
na peça que por estes dias - e com algum atraso.. - o 'público' deu à estampa, a mulher dele diz 'apenas' isto
'era uma pessoa extraordinária, fora de série. foi a paixão da minha vida'.
uma pessoa lê isto e comove-se. uma pessoa lê isto e pensa para consigo: 'talvez ainda valha a pena'.
23 outubro 2007
na semana em que completa o seu primeiro aniversário (25 de outubro), o 'flores de inverno' tem o enorme prazer, a indefinível emoção (e aquele brilhozinho nos olhos..) de poder anunciar ao mundo que, como verdadeiro 'labour of love', cresceu e deu frutos..
para todo/as vós, com um não pequeno nervosismo, a devida prenda por terem acompanhado o germinar suave deste jardim.
hoje, 23 de outubro, terça-feira, nasce
a ESTAÇÃO DE INVERNO
um novo programa de rádio (digital), que poderão acompanhar todas as terças-feiras (23h-24h) ou domingos (19h-20h), a partir do site da RÁDIO ZERO (a rádio universitária do instituto superior técnico, em lisboa).
máxima exposição, máxima voltagem, máxima intensidade. medo do ridículo também.. mas, acima de tudo, uma voraz vontade de viver um pequenino sonho.
porque, como canta o joão peste ao meu ouvido sempre que estou no centro da pista de dança, 'ainda tenho um sonho ou dois'.. e este é um deles.
desculpem qualquer coisinha, sim? o artista é amador, o background técnico não especialmente recomendável, mas.. a v/ boa vontade perdoar-me-à as mais que muitas insuficiências..
declaro, pois, aberta a ESTAÇÃO DE INVERNO!
http://estacaodeinverno.blogspot.com/
http://www.radiozero.pt/ouvir/
abraço & flores para todo/as
gi.
notas:
- programa apenas disponível em streaming (isto é a rádio não tem frequência, apenas se escuta via internet);
- brevemente, tentaremos disponibilizar o respectivo podcast, de forma a permitir uma escuta diferida e não apenas no momento em que é emitido;
- relembro: terças-feiras, 23h-24h; repete domingos, 19h-20h. extraordinariamente, este primeiro programa NÃO será repetido este domingo, por razões de programação;
- todas as semanas, o blog acima referido disponibilizará os alinhamentos e os 'destaques' de cada programa.
22 outubro 2007
21 outubro 2007
i learned a few things with you, deborah.
rest in peace.
'i never thought it could be like this'
'from here to eternity'
rest in peace.
'i never thought it could be like this'
'from here to eternity'
19 outubro 2007
18 outubro 2007
mazgani, filho de pais iranianos, residente em setúbal, anda há anos - como tantos - a tocar para as paredes da sua garagem. nas páginas do 'público', o joão bonifácio fala dele a cada 6 meses, naquele jeito que quer dizer 'esperem por ele, vão ver que vale a pena'. a primeira vez que ouvi falar dele terá sido a propósito de um cd com jovens talentos europeus que uma conhecida revista francesa de música & artes organizou. de portugal um ilustre desconhecido: mazgani. exactamente.
ontem, para uma plateia de gente sentada e outra tanta de pé, o nosso rapaz (já nos trintas), tocou a solo uma dúzia de canções do seu primeiro disco (está a sair por estes dias). as canções, quando despidas de toda a quinquilharia sónica, mostram o que valem. estas mostraram que valem muito.
ideias fortes:
- um singersongriter talhado a partir dos clássicos. um devoto do senhor cohen, com uns travos de buckley filho, aqui e ali um toque de van morrison (nas melodias mais bluesy), a sombra dos nick drake deste mundo - mas cantando com mais claridade. é uma herança de peso e não é para qualquer um;
- muito bem igualmente o nosso rapaz na interacção com o público, oscilando entre o humilde ('estou mesmo aflito'; 'vocês assustam-me, confesso'), o literato sem pretensão (oscar wilde e os mitos greco-romanos andaram por ali) e o humor inteligente (quando falava sobre o tema das canções, por exemplo);
- o seu belo fato castanho (sim, adivinharam, com aquela nuance retro que eu particularmente admiro) é já marca registada (nas sessões fotográficas, nos concertos, cá está ele..). e não é que vai muito bem com a música que se ouve e as palavras que nos embalam? vai, sim senhor, é o que vos digo;
- ao longo do espectáculo, 2 covers: p.j.harvey e o senhor cohen. com humildade extrema na apresentação das mesmas, para melhor se apropriar delas (como aconteceu). não é para todos, meus caros, não é para todos.
vejamos os que os próximos tempos nos trazem. por mim, devo dizer que foi uma excelente (ainda que anunciada) surpresa. um trovador deste calibre não aparece todos os dias em portugal.
ou do anacronismo como forma de beleza.
segunda parte da noite: kurt wagner, dos lambchop. que dizer?
- duas dúzias de canções, final do espectáculo quase 1h30 da manhã..('you know guys i don't really have any place to go, so..');
- uma voz única, naquele jeito quebrado, falso lento, que sobe e desce escalas, sem se perceber bem..;
- uma guitarra fantástica ('a friend of mine had one; i've tried it for a while, you know, i had to have my own; this one came from a store in nashville'), capaz de simular uma mini-orquestra - não sei bem descrever, mas passei minutos a olhar para o equipamento musical (minimal e, também aqui, deliciosamente retro) e a tentar perceber como um som tão complexo podia vir de uma única pessoa a tocar um único instrumento)..;
- o próprio kurt wagner antes do espectáculo, com a ajuda de um roadie e do pessoal da casa, a montar o seu equipamento, mochila à tiracolo, como se fosse, sei lá, o the boy next door..;
- um cenário minimal para uma eficácia máxima. uma espécie de poltrona, atrás uma coluna vinda dos anos 50(!), à frente um estendal de roupa, a cruzar a boca do palco, cheio de molas da roupa. mais tarde perceberíamos: no final de cada canção, uma folha de papel (letra da música? uns rabiscos?) era por ele colocada no estendal. quando estivesse cheio, seria altura de acabar a performance. simples, simples e de uma inteligência e elegância cénicas (complementadas pelo suave jogo de luzes escuras) notáveis;
- as canções dos lambchop: um cancioneiro imenso ('jesus, i have so many - what should i play next?), feito de melodias em sussurro, de palavras nem sempre óbvias (é um elogio e grande), com uma capacidade de descrever, quase narrando, aquelas pequenas coisas do quotidiano, sempre por ângulos subtis, diferentes, imensamente ternos e muito, muito poéticos. lindo;
- e a última canção: rimando com o rapaz mazgani, senhoras e senhores, tomai lá do kurt: 'chelsea hotel', leonard cohen. nada a dizer, encerramento perfeito, por uma voz perfeita na sua rugosidade, cantando uma canção perfeita
i need you, i don't need you
i need you, i don't need you
i need you, i don't need you
quem nunca pecou no chelsea hotel que atire a primeira pedra.
eu por mim, vou trabalhar, assobiando sózinho e para mim próprio aquelas 'lines' sublimes que dizem assim
i remember you well in the chelsea hotel,
you were talking so brave and so sweet,
giving me head on the unmade bed,
while the limousines wait in the street.
those were the reasons and that was new york,
we were running for the money and the flesh.
and that was called love for the workers in song
probably still is for those of them left.
ah but you got away, didn't you babe,
you just turned your back on the crowd,
you got away, i never once heard you say,
i need you, i don't need you,
i need you, i don't need you
and all of that jiving around.
i remember you well in the chelsea hotel
you were famous, your heart was a legend.
you told me again you preferred handsome men
but for me you would make an exception.
and clenching your fist for the ones like us
who are oppressed by the figures of beauty,
you fixed yourself, you said, "well never mind,
we are ugly but we have the music."
and then you got away, didn't you babe...
i don't mean to suggest that i loved you the best,
i can't keep track of each fallen robin.
i remember you well in the chelsea hotel,
that's all, i don't even think of you that often.
..
valeu, rapazes. obrigado por darem voz.. vocês sabem ao quê, vocês sabem a quem.
ontem, para uma plateia de gente sentada e outra tanta de pé, o nosso rapaz (já nos trintas), tocou a solo uma dúzia de canções do seu primeiro disco (está a sair por estes dias). as canções, quando despidas de toda a quinquilharia sónica, mostram o que valem. estas mostraram que valem muito.
ideias fortes:
- um singersongriter talhado a partir dos clássicos. um devoto do senhor cohen, com uns travos de buckley filho, aqui e ali um toque de van morrison (nas melodias mais bluesy), a sombra dos nick drake deste mundo - mas cantando com mais claridade. é uma herança de peso e não é para qualquer um;
- muito bem igualmente o nosso rapaz na interacção com o público, oscilando entre o humilde ('estou mesmo aflito'; 'vocês assustam-me, confesso'), o literato sem pretensão (oscar wilde e os mitos greco-romanos andaram por ali) e o humor inteligente (quando falava sobre o tema das canções, por exemplo);
- o seu belo fato castanho (sim, adivinharam, com aquela nuance retro que eu particularmente admiro) é já marca registada (nas sessões fotográficas, nos concertos, cá está ele..). e não é que vai muito bem com a música que se ouve e as palavras que nos embalam? vai, sim senhor, é o que vos digo;
- ao longo do espectáculo, 2 covers: p.j.harvey e o senhor cohen. com humildade extrema na apresentação das mesmas, para melhor se apropriar delas (como aconteceu). não é para todos, meus caros, não é para todos.
vejamos os que os próximos tempos nos trazem. por mim, devo dizer que foi uma excelente (ainda que anunciada) surpresa. um trovador deste calibre não aparece todos os dias em portugal.
ou do anacronismo como forma de beleza.
segunda parte da noite: kurt wagner, dos lambchop. que dizer?
- duas dúzias de canções, final do espectáculo quase 1h30 da manhã..('you know guys i don't really have any place to go, so..');
- uma voz única, naquele jeito quebrado, falso lento, que sobe e desce escalas, sem se perceber bem..;
- uma guitarra fantástica ('a friend of mine had one; i've tried it for a while, you know, i had to have my own; this one came from a store in nashville'), capaz de simular uma mini-orquestra - não sei bem descrever, mas passei minutos a olhar para o equipamento musical (minimal e, também aqui, deliciosamente retro) e a tentar perceber como um som tão complexo podia vir de uma única pessoa a tocar um único instrumento)..;
- o próprio kurt wagner antes do espectáculo, com a ajuda de um roadie e do pessoal da casa, a montar o seu equipamento, mochila à tiracolo, como se fosse, sei lá, o the boy next door..;
- um cenário minimal para uma eficácia máxima. uma espécie de poltrona, atrás uma coluna vinda dos anos 50(!), à frente um estendal de roupa, a cruzar a boca do palco, cheio de molas da roupa. mais tarde perceberíamos: no final de cada canção, uma folha de papel (letra da música? uns rabiscos?) era por ele colocada no estendal. quando estivesse cheio, seria altura de acabar a performance. simples, simples e de uma inteligência e elegância cénicas (complementadas pelo suave jogo de luzes escuras) notáveis;
- as canções dos lambchop: um cancioneiro imenso ('jesus, i have so many - what should i play next?), feito de melodias em sussurro, de palavras nem sempre óbvias (é um elogio e grande), com uma capacidade de descrever, quase narrando, aquelas pequenas coisas do quotidiano, sempre por ângulos subtis, diferentes, imensamente ternos e muito, muito poéticos. lindo;
- e a última canção: rimando com o rapaz mazgani, senhoras e senhores, tomai lá do kurt: 'chelsea hotel', leonard cohen. nada a dizer, encerramento perfeito, por uma voz perfeita na sua rugosidade, cantando uma canção perfeita
i need you, i don't need you
i need you, i don't need you
i need you, i don't need you
quem nunca pecou no chelsea hotel que atire a primeira pedra.
eu por mim, vou trabalhar, assobiando sózinho e para mim próprio aquelas 'lines' sublimes que dizem assim
i remember you well in the chelsea hotel,
you were talking so brave and so sweet,
giving me head on the unmade bed,
while the limousines wait in the street.
those were the reasons and that was new york,
we were running for the money and the flesh.
and that was called love for the workers in song
probably still is for those of them left.
ah but you got away, didn't you babe,
you just turned your back on the crowd,
you got away, i never once heard you say,
i need you, i don't need you,
i need you, i don't need you
and all of that jiving around.
i remember you well in the chelsea hotel
you were famous, your heart was a legend.
you told me again you preferred handsome men
but for me you would make an exception.
and clenching your fist for the ones like us
who are oppressed by the figures of beauty,
you fixed yourself, you said, "well never mind,
we are ugly but we have the music."
and then you got away, didn't you babe...
i don't mean to suggest that i loved you the best,
i can't keep track of each fallen robin.
i remember you well in the chelsea hotel,
that's all, i don't even think of you that often.
..
valeu, rapazes. obrigado por darem voz.. vocês sabem ao quê, vocês sabem a quem.
17 outubro 2007
16 outubro 2007
* porque é tão difícil dizer certas coisas - encontrar as palavras certas, a conjugação exacta, a forma certeira de dizer certas coisas;
* porque este poema volta e meia cruza-se comigo. aconteceu há uns meses no blog 'o sol quando nasce'; voltou agora a acontecer no 'estado civil';
* porque é um poema portentoso, por dizer o que diz como diz (o 'indizível'?).
com um obrigado ao PM, por ter generosamente (e sem saber..) cedido a sua tradução (espero que não leves a mal, nem que esteja a infringir qualquer copyright).
encontrámo-nos no valentino em turim
e viajámos por toda a itália de comboio,
dormindo juntos.
eu não falei em sexo.
disse dormindo juntos.
coisa de que a sexualidade é,
e não é, uma parte.
é esse dormir juntos
que é sagrado para mim.
bocejarmos juntos.
podes ter sexo com qualquer pessoa
mas com quem podes dormir?
odeio-te
porque dormiste comigo
e me deixaste.
[Paul Durcan, «Felicity in Turin», A Snail in My Prime: New and Selected Poems, 1993, trad. PM]
15 outubro 2007
glenn miller, 'fools rush in'
fools rush in
where angels fear to tread
and so i come to you my love
my heart above my head
though i see
the danger there
if theres a chance for me
then i dont care
fools rush in
where wise men never go
but wise men never fall in love
so how are they to know
when we met
i felt my life begin
so open up your heart and let
this fool rush in
mercer & bloom
nesse autêntico serviço público que é a rubrica 'álbum de família' (quartas: 14h-15h; domingos: 12h-13h), a rádio radar vai passar, esta semana, o disco 'secrets of the beehive', de david sylvian.
depois da aventura a bordo dos japan - banda quase seminal da viragem dos anos 70 para os 80, interessada numa pop sofisticada e inteligente, sem o nervo do pós-punk, sem o escuro sombrio dos movimentos indie em nascimento por terras de sua majestade, e sem exagerar na dose de glam (em alta por esses dias) -, david sylvian gravou em 1987 um disco daqueles que se levam para a tal ilha deserta dos inquéritos estivais.
ouçam-no, na radar (podem ouvir na internet, em 'streaming') e depois, se puderem, vão escutá-lo ao vivo (visita, uma vez mais, portugal, no próximo fim-de-semana). vão ver que vale muito a pena.
se apreciam delicadeza, doçura, correntes estéticas inteligentes e subtis, uma espécie de música planante, fragmentada em blips digitais irmanados com uma apurada sensibilidade pop - mas que não se deixa inteiramente definir numa redoma -, então este disco e este espectáculo é capaz de ser para vocês.
fica a sugestão, de quem ouve este disco há quase 20 anos. e nunca se cansa.
ladies and gentlemen, the charming david sylvian.
depois da aventura a bordo dos japan - banda quase seminal da viragem dos anos 70 para os 80, interessada numa pop sofisticada e inteligente, sem o nervo do pós-punk, sem o escuro sombrio dos movimentos indie em nascimento por terras de sua majestade, e sem exagerar na dose de glam (em alta por esses dias) -, david sylvian gravou em 1987 um disco daqueles que se levam para a tal ilha deserta dos inquéritos estivais.
ouçam-no, na radar (podem ouvir na internet, em 'streaming') e depois, se puderem, vão escutá-lo ao vivo (visita, uma vez mais, portugal, no próximo fim-de-semana). vão ver que vale muito a pena.
se apreciam delicadeza, doçura, correntes estéticas inteligentes e subtis, uma espécie de música planante, fragmentada em blips digitais irmanados com uma apurada sensibilidade pop - mas que não se deixa inteiramente definir numa redoma -, então este disco e este espectáculo é capaz de ser para vocês.
fica a sugestão, de quem ouve este disco há quase 20 anos. e nunca se cansa.
ladies and gentlemen, the charming david sylvian.
14 outubro 2007
est-ce que tu aimes?
matthieu chedid & arthur h., 'est-ce que tu aimes?'
nous irons vivre libre
dans un pays sauvage
et nos armes seront
l’amour et le courage
a correcção (tecnológica) devida..
com os cumprimentos da gerência.
johnny cash, 'i see a darkness'
] well you know i have a love, for everyone i know and you know i have a drive, to live i won't let go but can you see this opposition, comes rising up sometimes that is dread full imposition, comes blacking in my mind and then i see a darkness
(..)
it's the hope that somehow you can save me from this darkness [
johnny cash, 'i see a darkness'
] well you know i have a love, for everyone i know and you know i have a drive, to live i won't let go but can you see this opposition, comes rising up sometimes that is dread full imposition, comes blacking in my mind and then i see a darkness
(..)
it's the hope that somehow you can save me from this darkness [
13 outubro 2007
do ultra-romantismo como modo de vida
há outros.
mas não são a mesma coisa.
richard hawley, 'baby, you are my light'
richard hawley, 'tonight the streets are ours'
mas não são a mesma coisa.
richard hawley, 'baby, you are my light'
richard hawley, 'tonight the streets are ours'
12 outubro 2007
sou daqueles que gosta de 'publicar' coisas apenas quando as fontes estão devidamente confirmadas. abro aqui uma excepção, porque me parece que, neste caso, a fonte não é de todo o mais importante.
um muito querido amigo, enviou-me hoje o textinho abaixo, que resolvo aqui partilhar convosco.
o senhor que assina é, dizem-me, cómico / humorista. e, detalhe igualmente não despiciendo, escreveu-o aquando da morte da sua mulher.
bom fim-de-semana para todos.
the paradox of our time in history is that we have taller buildings but
shorter tempers, wider freeways, but narrower viewpoints.
we spend more, but have less, we buy more, but enjoy less.
we have bigger houses and smaller families, more conveniences, but less
time.
we have more degrees but less sense, more knowledge, but less judgment,
more experts, yet more problems, more medicine, but less wellness.
we drink too much, smoke too much, spend too recklessly, laugh too little,
drive too fast, get too angry, stay up too late, get up too tired, read
too little, watch tv too much, and pray too seldom.
we have multiplied our possessions, but reduced our values.
we talk too much, love too seldom, and hate too often.
we've learned how to make a living, but not a life.
we've added years to life not life to years.
we've been all the way to the moon and back, but have trouble crossing the
street to meet a new neighbor.
we conquered outer space but not inner space.
we've done larger things, but not better things.
we've cleaned up the air, but polluted the soul.
we've conquered the atom, but not our prejudice.
we write more, but learn less.
we plan more, but accomplish less.
we've learned to rush, but not to wait.
we build more computers to hold more information, to produce more copies
than ever, but we communicate less and less.
whese are the times of fast foods and slow digestion, big men and small
character, steep profits and shallow relationships.
whese are the days of two incomes but more divorce, fancier houses, but
broken homes.
whese are days of quick trips, disposable diapers, throwaway morality, one
night stands, overweight bodies, and pills that do everything from cheer,
to quiet, to kill.
it is a time when there is much in the showroom window and nothing in the
stockroom.
a time when technology can bring this letter to you, and a time when you
can choose either to share this insight, or to just hit delete.
remember, spend some time with your loved ones, because they are not going
to be around forever.
remember, say a kind word to someone who looks up to you in awe, because
that little person soon will grow up and leave your side.
remember, to give a warm hug to the one next to you, because that is the
only treasure you can give with your heart and it doesn't cost a cent.
remember, to say, "i love you" to your partner and your loved ones, but
most of all mean it. a kiss and an embrace will mend hurt when it comes
from deep inside of you.
remember to hold hands and cherish the moment for someday that person will
not be there again.
give time to love, give time to speak,! and give time to share the
precious thoughts in your mind.
AND ALWAYS REMEMBER:
life is not measured by the number of breaths we take, but by the moments
that take our breath away.
if you don't send this to at least 8 people....
who cares?
george carlin
tem aquele travo delico-doce?
porventura é excessivamente emocional? - que horror..
um fiozinho de azeite?
filosofia de pacotilha, com um toque new age?
ou então
é como um golpe de navalha: primeiro, um frio rápido cortante; depois, uma dor aguda, intensa, interior; depois..
o que quiserem.
e essa é uma grande vantagem: afinal, depois, é o que quiserem. mas com uma ligeira nuance: o depois é AGORA.
um muito querido amigo, enviou-me hoje o textinho abaixo, que resolvo aqui partilhar convosco.
o senhor que assina é, dizem-me, cómico / humorista. e, detalhe igualmente não despiciendo, escreveu-o aquando da morte da sua mulher.
bom fim-de-semana para todos.
the paradox of our time in history is that we have taller buildings but
shorter tempers, wider freeways, but narrower viewpoints.
we spend more, but have less, we buy more, but enjoy less.
we have bigger houses and smaller families, more conveniences, but less
time.
we have more degrees but less sense, more knowledge, but less judgment,
more experts, yet more problems, more medicine, but less wellness.
we drink too much, smoke too much, spend too recklessly, laugh too little,
drive too fast, get too angry, stay up too late, get up too tired, read
too little, watch tv too much, and pray too seldom.
we have multiplied our possessions, but reduced our values.
we talk too much, love too seldom, and hate too often.
we've learned how to make a living, but not a life.
we've added years to life not life to years.
we've been all the way to the moon and back, but have trouble crossing the
street to meet a new neighbor.
we conquered outer space but not inner space.
we've done larger things, but not better things.
we've cleaned up the air, but polluted the soul.
we've conquered the atom, but not our prejudice.
we write more, but learn less.
we plan more, but accomplish less.
we've learned to rush, but not to wait.
we build more computers to hold more information, to produce more copies
than ever, but we communicate less and less.
whese are the times of fast foods and slow digestion, big men and small
character, steep profits and shallow relationships.
whese are the days of two incomes but more divorce, fancier houses, but
broken homes.
whese are days of quick trips, disposable diapers, throwaway morality, one
night stands, overweight bodies, and pills that do everything from cheer,
to quiet, to kill.
it is a time when there is much in the showroom window and nothing in the
stockroom.
a time when technology can bring this letter to you, and a time when you
can choose either to share this insight, or to just hit delete.
remember, spend some time with your loved ones, because they are not going
to be around forever.
remember, say a kind word to someone who looks up to you in awe, because
that little person soon will grow up and leave your side.
remember, to give a warm hug to the one next to you, because that is the
only treasure you can give with your heart and it doesn't cost a cent.
remember, to say, "i love you" to your partner and your loved ones, but
most of all mean it. a kiss and an embrace will mend hurt when it comes
from deep inside of you.
remember to hold hands and cherish the moment for someday that person will
not be there again.
give time to love, give time to speak,! and give time to share the
precious thoughts in your mind.
AND ALWAYS REMEMBER:
life is not measured by the number of breaths we take, but by the moments
that take our breath away.
if you don't send this to at least 8 people....
who cares?
george carlin
tem aquele travo delico-doce?
porventura é excessivamente emocional? - que horror..
um fiozinho de azeite?
filosofia de pacotilha, com um toque new age?
ou então
é como um golpe de navalha: primeiro, um frio rápido cortante; depois, uma dor aguda, intensa, interior; depois..
o que quiserem.
e essa é uma grande vantagem: afinal, depois, é o que quiserem. mas com uma ligeira nuance: o depois é AGORA.
11 outubro 2007
10 outubro 2007
este também sou eu
j.p. simões, 'inquietação' (original de josé mário branco)
não vou escrever nada.. ou quase nada.
dizer apenas que quando conhecerem esta canção de trás para a frente, quando a revirarem do avesso do avesso, quando entenderem os contornos de cada uma das letrinhas do seu texto, quando se deixarem embalar com o tom com que o joão paulo canta o que canta,
então, em verdade vos digo,
estarão perto, muito perto, perigosamente perto,
de conhecerem o gi.
Jens Lekman - If You Ever Need a Stranger (To Sing At Your Wedding)
if you ever need a stranger
to sing at your wedding
a last minute choice
then i am your man
i know every song, you name it
by bacharach or david
every stupid lovesong
that's ever touched your heart
every power ballad that's ever
climbed the charts
you think it's funny
my obsession with the holy matrimony
but i'm just so amazed to witness true love
and true love can be measured
through these simple pleasures
they are waiting there for you
to be discovered
i would cut of my right arm
to be someone's lover
maybe i'll meet her there tonight
at the wedding buffee
i walk up to her
when she's caught the bouquet
and oh, it's just like a whirlwind
sim, i., tens absoluta razão. esta cançãozinha entra por nós dentro e faz estragos. daquela maneira que, como certas pessoas, nos dão vertigens ('as pessoas entram umas nas outras e dão vertigens', diz o vasco gato). as palavrinhas insinuam-se, a melodia é quase subliminar, o assobio é uma espécie de cavalo de tróia..
muito obrigado. tem sido a canção destes dias. destes meus dias.
e, já sabes, fosse eu cantor e começaria agora a trautear baixinho:
if you ever need a stranger..
if you ever need a stranger
to sing at your wedding
a last minute choice
then i am your man
i know every song, you name it
by bacharach or david
every stupid lovesong
that's ever touched your heart
every power ballad that's ever
climbed the charts
you think it's funny
my obsession with the holy matrimony
but i'm just so amazed to witness true love
and true love can be measured
through these simple pleasures
they are waiting there for you
to be discovered
i would cut of my right arm
to be someone's lover
maybe i'll meet her there tonight
at the wedding buffee
i walk up to her
when she's caught the bouquet
and oh, it's just like a whirlwind
sim, i., tens absoluta razão. esta cançãozinha entra por nós dentro e faz estragos. daquela maneira que, como certas pessoas, nos dão vertigens ('as pessoas entram umas nas outras e dão vertigens', diz o vasco gato). as palavrinhas insinuam-se, a melodia é quase subliminar, o assobio é uma espécie de cavalo de tróia..
muito obrigado. tem sido a canção destes dias. destes meus dias.
e, já sabes, fosse eu cantor e começaria agora a trautear baixinho:
if you ever need a stranger..
09 outubro 2007
nunca lerás estas palavras, mas isso não é o mais importante.
fazes hoje anos, uma idade bonita que não vou revelar, porque nunca se revela a idade de uma menina quase senhora (nem de uma senhora sempre menina).
está mais ou menos a fazer 20 anos que nos conhecemos.
20 anos, quem diria..
eras tu uma menina a sair da adolescência; e eu um rapazinho, vindo de uma quase aldeia, para ti que eras da vila (a urbanidade possível nesses tempos já tão diferentes).
como algumas vezes na vida acontece, embarcámos num carrossel de emoções. durou anos, com algumas passagens pelo comboio fantasma, mas também com loops e contra-loops nas alturas - inebriantes, embriagados um do outro e um com o outro.
lembro-me bem.
das cartas, imensas, em papel ainda papel.
da ânsia e dor no estômago do correio que tardava, em certos dias.
de ter emagrecido 8 ou 10 kilos numa determinada semana da minha vida em que deixei de me alimentar, por tua causa (se é que faz sentido dizer-se isto). por nossa causa, talvez seja mais correcto dizer.
mas tudo isto já lá vai, agora que navegamos a curva do tempo.
à distância, veladamente, posso dizer-te que foste uma coisa linda, uma coisa maravilhosa, uma coisa que transformou as serras na 'sugar mountain' inventada e cantada pelo neil young, mais ou menos no ano em que nasci.
fazes hoje anos, dizia.
e estas palavras são para ti.
vinte anos depois.
parabéns!
e obrigado por tudo.
agora sim, posso dizer-te isto. mesmo que não o leias. alguém lerá e se entre esse alguém estiver um anjo com poderes de demiurgo então este recado chegará até ti. porque não há tempo nem espaço, quando falamos de essência.
fazes hoje anos, uma idade bonita que não vou revelar, porque nunca se revela a idade de uma menina quase senhora (nem de uma senhora sempre menina).
está mais ou menos a fazer 20 anos que nos conhecemos.
20 anos, quem diria..
eras tu uma menina a sair da adolescência; e eu um rapazinho, vindo de uma quase aldeia, para ti que eras da vila (a urbanidade possível nesses tempos já tão diferentes).
como algumas vezes na vida acontece, embarcámos num carrossel de emoções. durou anos, com algumas passagens pelo comboio fantasma, mas também com loops e contra-loops nas alturas - inebriantes, embriagados um do outro e um com o outro.
lembro-me bem.
das cartas, imensas, em papel ainda papel.
da ânsia e dor no estômago do correio que tardava, em certos dias.
de ter emagrecido 8 ou 10 kilos numa determinada semana da minha vida em que deixei de me alimentar, por tua causa (se é que faz sentido dizer-se isto). por nossa causa, talvez seja mais correcto dizer.
mas tudo isto já lá vai, agora que navegamos a curva do tempo.
à distância, veladamente, posso dizer-te que foste uma coisa linda, uma coisa maravilhosa, uma coisa que transformou as serras na 'sugar mountain' inventada e cantada pelo neil young, mais ou menos no ano em que nasci.
fazes hoje anos, dizia.
e estas palavras são para ti.
vinte anos depois.
parabéns!
e obrigado por tudo.
agora sim, posso dizer-te isto. mesmo que não o leias. alguém lerá e se entre esse alguém estiver um anjo com poderes de demiurgo então este recado chegará até ti. porque não há tempo nem espaço, quando falamos de essência.
it's good to have you back, tony.
you are older - and you feel it.
you are weaker - and you know it.
better face modern times.
and, take my humble advice, be creative and ride the wave of change: it is possible for a man turn out his own weaknesses into a new set of strenghts.
it will take you considerable pain.
it will take you considerable time.
it will cost you some people that only respect you because of your 'persona'.
but in the end, it will, if you are lucky,
save you.
and that is a lot, wouldn't you say?
you are older - and you feel it.
you are weaker - and you know it.
better face modern times.
and, take my humble advice, be creative and ride the wave of change: it is possible for a man turn out his own weaknesses into a new set of strenghts.
it will take you considerable pain.
it will take you considerable time.
it will cost you some people that only respect you because of your 'persona'.
but in the end, it will, if you are lucky,
save you.
and that is a lot, wouldn't you say?
08 outubro 2007
no novo disco do guru da neo-folk devendra banhart, deparamo-nos com estilhaços caídos da relação perdida entre este nosso rapaz e uma das manas cassidy (cocorosie..). diz quem já ouviu que ele continua igual a si próprio e que nem os vidros partidos sob os seus pés descalços o fazem mudar de registo: é tudo doce, é tudo suave, é tudo uma espécie de ode às pequenas alegrias da vida. como se houvesse, para além ou acima de tudo, um manifesto de paz na terra, baseado numa espécie de espiritualidade clarividente.
cantar os males de amor é um clássico.
cantar amorosamente o desamor devia ser igualmente um clássico. mas não é.
it is simple, i do not want to kill.
todos somos iguais (limando a discriminação negativa). mas alguns são algo 'mais' do que outros (simples constatação de que há uma discriminação positiva). detalhes.
cantar os males de amor é um clássico.
cantar amorosamente o desamor devia ser igualmente um clássico. mas não é.
it is simple, i do not want to kill.
todos somos iguais (limando a discriminação negativa). mas alguns são algo 'mais' do que outros (simples constatação de que há uma discriminação positiva). detalhes.
the flowers she sent and the flowers she said that she sent
stephen merritt
era EXACTAMENTE o que queria dizer.
stephen merritt
era EXACTAMENTE o que queria dizer.
we could dream this night away.
cassandra wilson covering neil young's 'harvest moon'
when we were strangers
i watched you from afar
when we were lovers
i loved you with all my heart.
07 outubro 2007
when i said.. i mean.. i say.. i said.. i meant.. i mean.. i say
everyday make a fine loaf of bread
and after work just before sunset
you hang down to the city park
there you're alone with the burbs in the dark
and i've seen other people do that too
but they're older than your twenty-two
they lost hope and soon they'll be gone
they'll just vanish with the setting sun
but i know, yes i know,
they're flying within you again,
but i won't let them get you
'cause you're my only friend
you're my only friend
when i said i wanted to be your dog
i wasn't coming on to you
i just wanted to lick your face
lick those raindrops from the rainy days
you can take me for a walk in the park
i'll be chasing every single lark
i'll be burying all the skeleton bones
peeing on every cold black stone
but i know, yes i know,
they're flying within you again,
but i won't let them eat you
'cause you're my only friend
my friend
my only friend
you're my friend
06 outubro 2007
sábado (estrelas morrem)
foto: francesca woodman
tu choravas e eu ia apagando
com os meus beijos os rastos das tuas lágrimas
- riscos na areia mole e quente do teu rosto.
choravas como quem se procura.
e eu descobria mundos, inventava nomes,
enquanto ia espremendo com as mãos
o meu sangue todo no teu sangue.
não sei se o mundo existia e nós
existiamos realmente.
sei que tudo estava suspenso,
esperando não sei que grave acontecimento,
e que milhares de insectos paravam e
zumbiam nos meus sentidos.
só a minha boca era uma abelha inquieta
percorrendo e picando o teu corpo de beijos.
depois só dei pela manhã,
a manhã atrevida,
entrando devagar, muito devagar e
acordando-me.
desviei os meus olhos para ti:
ao longo do teu corpo morriam as estrelas.
a noite partira. e, lentamente,
o sol rompeu no céu da tua boca.
albano martins
05 outubro 2007
03 outubro 2007
chávena (my cup of tea)
retira um pacote de chá do armário.
enche a chaleira com água até cima.
pousa-a no mármore do armário de cozinha
e liga a tomada à ficha incrustada na parede.
ao fim de breves minutos
a água começa a ferver.
num tabuleiro de madeira castanho,
coberto por um pano branco
bordado à mão,
sou conduzida para a sala.
em seguida, senta-se no sofá.
estende a mão para o comando à distância:
um silvo no écran da televisão e
a imagem surge.
a princípio brutal, depois
imobilizada no rosto de uma mulher.
aguardo.
cuidadoso, como alguém
habituado a cumprir um ritual solitário,
aproxima o bule e
o chá desce sobre mim.
com a mão direita
leva-me até aos seus lábios.
repete este gesto uma e outra vez.
lá fora, a noite continua
o seu trabalho de demolição:
a tinta azul da porta
será a primeira a ressentir-se
do frio.
jorge gomes miranda, in 'o acidente', assírio & alvim, 2007
02 outubro 2007
campo dei fiori
ao ler o jornal 'público', de ontem, deparei-me com 'isto'..
mário rui de oliveira, padre católico, acaba de ser nomeado consultor do supremo tribunal católico, em roma. zelará pela 'recta administração da justiça' canónica.
é a segunda vez que vai viver para roma, onde havia já estado (licenciatura, doutoramento, especialização em jurisprudência..), durante meia-dúzia de anos, ainda estudante. nos últimos anos, desempenhou diversas funções na hierarquia da igreja católica portuguesa.
tem 34 anos.
é tradutor bissexto (tonino guerra, para a assírio & alvim) e.. poeta ('o vento da noite'; 'bairro judaico' - ambos na mesma referida editora ).
diz coisas assim sobre roma:
roma abriu-me o caminho da poesia.
roma é o centro do mundo cultural e vou ao encontro da arte, do cinema e, talvez, reencontrar-me com a poesia.
sobre música:
a música é para todos os momentos: às vezes seguimo-la, outras vezes é ela que nos persegue.
gosta de, e notem bem: sigur rós, bjork, bonnie prince billy, nick cave, arcade fire, the cure, U2, the smiths. também de mahler, puccini, pergolesi, bach.
porque com a música somos capazes de ir até ao fundo.
gosta da pintura de rothko e de barnet-newman.
e diz-nos, nos seus versos quase sussurrados e planantes:
'diz-me uma palavra, uma apenas, e será a salvação'
'portas, imensas e nocturnas portas, quando o que desejamos é um rasgão luminoso'
'Deus é a luz / e eu pensava / que morreria disso'
'viver é também isso. percorrer um campo de anémonas quase com vergonha do que trazemos escondido na mão'
'só a música e um fiozinho de luz te sustenta'
'talvez as vidas sejam tocadas, mesmo que levemente, pelo sorriso de Deus'
na longa tradição da poética católica há mais um nome que temos que saber de cor. mário rui de oliveira.
ou muito me engano ou a justiça canónica vai ser um bocadinho melhor administrada.