14 fevereiro 2015




a senhora sabe muitas coisas sobre continentes perdidos e continentes achados e continentes sonhados e continentes reencontrados e continentes que ainda têm o teu perfume e continentes que cabem inteirinhos por debaixo dos teus cabelos e continentes que nascem e se reduzem a cinzas espalhadas a mil ventos setentrionais quando me chamas baixinho e me dizes eu sou como um império que nenhum homem algum dia entenderá tal como tu sem usares qualquer parte do teu ser racional o fazes à maneira daqueles poetas padres místicos que se escondem atrás dos séculos e algures no deserto velam pelas almas que hão-de vir como a tua e minha e a nossa esta espécie de pouco santíssima trindade ainda assim confundível com uma única palavra que desagua nos teus olhos e que aqueles a que a ela acedem chamam milagre segundos antes de se acenderem e de incendiarem em fractais desmultiplicados como se um caleidoscópio infantil cujas faces são agora o universo todinho - a tua língua é a minha linguagem, já te disse?