07 maio 2012



eu sei, nesse tempo era tudo diferente, ou não estivéssemos ainda todos vivos. eu sei, escrevi centenas de poemas sem préstimo, cheios de gongóricas metáforas e demais figuras de estilo, e, agora que queria versos meramente metafóricos, é tudo gelidamente literal (ou literalmente gélido – é-me igual, eu sei). triste, constato que a vida é que se transformou, oh quanta ironia…, em algo parecido com má poesia. eu sei, as minhas palavras são comestíveis; já a vida merece bolinha negra, nas páginas amarrotadas desse teu suplemento de jornal. eu sei.