a água que murmura espectros lentos
o que houve e não houve e não volta nunca mais
os quartos sem esperança que os guardasse
as casas sem anjo da guarda
a luz intensa bela e dolorosa
a adolescência dilacerada
a ternura dezoito anos recusada
na casa dos átridas
o crime horroroso que não houve
mas as feridas abriram manaram um sangue
que penetra implacável as fendas do sono
e me deixa acordado à beira da estrada
com lágrimas que percorrem
trinta
alberto de lacerda
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