03 abril 2012

lourenço marques lisboa revisited


a água que murmura espectros lentos
o que houve e não houve e não volta nunca mais
os quartos sem esperança que os guardasse
as casas sem anjo da guarda

a luz intensa bela e dolorosa
a adolescência dilacerada
a ternura dezoito anos recusada
na casa dos átridas
o crime horroroso que não houve
mas as feridas abriram manaram um sangue
que penetra implacável as fendas do sono
e me deixa acordado à beira da estrada
com lágrimas que percorrem
trinta e quatro e nove anos


alberto de lacerda