let it rain, let it rain.
..
ao fundo, as nuvens chocam com as
casas. os pássaros gritam e há homens
que se atiram das varandas como se
fossem vasos empurrados pelo vento.
os carros esmagam os bichos que correm
pelo alcatrão. é quase primavera, o frio
anuncia uma culpa antiga, a solidão
dos guerreiros. e há outro homem
que diz: gosto das árvores, do seu tronco
e das raízes que rasgam as calçadas. esse homem
decidira viver porque pertencia
à humidade das paredes, aos telhados de
barro, às bétulas. era dali que lhe vinha
a força dos braços, a claridade que se lhe
prendera à pele. era esta a sua confissão.
mas, após ter dito aquelas palavras lançou-se
para o espaço, seguindo a trajectória da chuva.
jaime rocha
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