06 outubro 2011


havia uma rapariga chamada shell.

existiam também muitas outras raparigas, com nomes parecidos e ao mesmo tempo diferentes.

um rosário de raparigas, para sempre fixadas no auge absoluto da sua perfeição, com o seus corpos exultantes, resistentes à usura do tempo, à ferrugem dos dias.

ele era um filme, caótico, canhestramente montado, o trabalho de um simples amador. elas eram, pelo contrário, gloriosas obras de arte, fotografias perfeitas de memórias petrificadas.

quando dele não restar senão a poeira e as palavras, elas serão as suas pirâmides de gizé, as suas cordilheiras imperiais, cascatas sublimes causando perpétudo espanto, vestígios orgulhosos e perenes de uma civilização - ele - em tempos fluorescente.

havia uma rapariga chamada shell. uma concha de abrigo. por isso fugiu dela, como se faz das coisas que têm potencial suficiente para nos mudar a vida.