paulo nozolino
felizmente, há muitos anos - há décadas, creio bem -, que sei isso. assim, quando a chuva química cai, fecho-me num grande quarto escuro e entro em rigoroso regime. nada de esbanjar palavras, nada de festarolas, nada de poesia. alimento-me de filmes e é neles que encontro o caminho de volta. my own way back, so to speak.
foi assim que me enfrasquei, não de bebidas à base de álcool, barbitúricos, estimulantes, não de livros em catadupa, não de tabaco ou outros consumíveis da mesma família - em sentido lato -, mas, dizia, foi assim que me enfrasquei de filmes.
"true grit", "the last fighter", "blue valentine", "somewhere".. dizer o quê?
talvez que jeff bridges é jeff bridges, o que é dizer muito - one of a kind. dizer que ryan gosling é um rapaz cá dos nossos e que a michelle williams tem qualquer coisa de denso (ou não fosse a viúva do malogrado heath ledger, na vida real). dizer que sofia coppola faz um filme que arrisca o vazio como forma de (de)mo(n)strar esse mesmo vazio (o de quem acha que tem tudo, mas suspeita, deep deep down, que não tem nada). que "the last fight" é mais um daqueles filmes americanos bem carpinteirados, onde a família é, per se, uma personagem avassaladora e onde abel e caim praticam aquela especial modalidade de amor-ódio que, afinal, é só amor entre irmãos. que melissa leo e christian bale talvez tenham mesmo merecido os óscares de melhores actores secundários. e que este último, christian bale, oscilando perigosamente entre o overacting e o cabotinismo, arranca uma interpretação cuja verdade nos dói. a par de sean penn, é, por estes dias, um actor em que acreditamos. e, nos filmes como na vida, tão poucas são as pessoas de quem podemos dizer o mesmo..
n'est ce pas, monsieur godard?
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