na sociedade mediática e voyeurista em que incontornavelmente vivemos, temos uma relação de atracção e repulsa simultânea por aquela pequena tribo de artistas radicais que fazem da sua própria vida matéria para a sua arte, como se entre uma (vida) e outra (arte) existisse uma espécie de osmose. o que é biografia e o que é criação ficcional, ficcionada? à maneira de alguns iconoclastas célebres, o que é performance calculada e como se distingue do que é a vivência espontânea? criatura e criador alimentam-se mutuamente, numa relação nem sempre clara, como se uma e outra fossem combustível e fósforo - e vice-versa. a vida como suprema ficção. e o acto criativo como statement existencial.
parafraseando o grande kurt vonnegut, bem podemos também nós dizer, a propósito do flores de inverno, que 'tudo isto aconteceu. mais ou menos'.
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