17 dezembro 2010


conheci uma miúda linda-como-linda-podia-ser que dava nomes de filósofos aos seus gatos. deitava-se com eles a rondarem a sua cama - supônho eu que nunca consegui dela, da cama entenda-se, estar mais próximo do que a 3 metros (e Deus sabe como tentei), num permanente e apropriadamente felino jogo de sedução. às vezes, durante a noite, os gatos-filósofos aproximavam-se dela e da sua cama e, subrepticiamente, tomavam conta de uma e de outra. infiltravam-se nos sonhos daquela miúda e tomavam formas impossíveis: homens com cabeça de gato; cães que miavam; todo um circo de 'freaks'. a miúda assustava-se não raro. mas, ao acordar, não se lembrava de nada e encontrava algum aconchego nos felinos que por alí dormitavam. filósofo escondido com gato de fora é a expressão que me ficou e que para sempre, desconfio, me deixará alerta. é preciso ter cuidado com os gatos, esses seres cheios de graciosidade e de 'souplesse'. é preciso ter cuidado com os filósofos, esses seres que se infiltram no nosso quotidiano e que nos fazem perguntas mázinhas, a meio da noite. é preciso ter cuidado com as miúdas que amam os seus gatos e os seus filósofos, acima de tantas outras coisas. e, acima de tudo, é preciso ter cuidado com as camas dessas miúdas. mesmo a 3 metros, um tipo está sempre perdido.