31 dezembro 2010


'fim - o que resta é sempre o princípio feliz de alguma coisa.'
agustina bessa-luís

num jardim às (amor)eiras

abrir o e.mail pela manhã
e sentir a brisa inundar o rosto
mistura de romã e de hortelã
com a luz em zénite de agosto.

rimas forçadas porventura
recomendando mais juízo,
mas a poesia é aventura
e tudo o mais que é preciso.

falo, claro, metaforicamente,
querendo antes dizer Poesia.
repara: uma só letrinha diferente
e falamos já de quase magia.

vistas abertas para o mar
janela-vida rasgada que sorri
afinal, diz a Agustina, terminar
pode ser via-sacra de alegria.

como se abríssemos de par em par
esta estranha coisa - a alma -
e ousássemos outra vez navegar
com toda a garra e toda a calma.

mais não sei dizer, queridas meninas,
que não tenha dito mil vezes no retrovisor:
frémitos, balas, palmas e salvas,
tudo apenas declinações óbvias deste

infinito e delicado, terno e eterno,
Amor de Inverno - sempre em flor.



em lisboa, lá estarei.
so help me our lord of the little precious things.