felicidade em turim
encontrámo-nos no valentino em turim
e viajámos por toda a itália de comboio,
dormindo juntos.
eu não falei em sexo.
disse dormindo juntos.
coisa de que a sexualidade é,
e não é, uma parte.
é esse dormir juntos
que é sagrado para mim.
bocejarmos juntos.
podes ter sexo com qualquer pessoa
mas com quem podes dormir?
odeio-te
porque dormiste comigo
e me deixaste.
paul durcan
em 'a snail in my prime: new and selected poems', 1993,
tradução de pedro mexia
[nota: eu não odeio ninguém. mas gosto muitíssimo deste poema, apesar da relativa violência que utiliza para dizer o que quer dizer - e que, na minha modesta opinião, diz muitíssimo bem. em prosa, seria um libelo acusatório, um manifesto hostil, um martelo metafórico alimentando a auto e a hetero flagelação. assim é quase doce, apenas triste. e muito mais bonito ;)]
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