'ele chamava-se arturo, mas detestava esse nome e queria chamar-se john. o seu apelido era bandini, mas ele queria que fosse jones. o pai e a mãe eram italianos, mas ele queria ser americano. (…) viviam em rocklin, colorado, dez mil almas de população, mas ele queria viver em denver, a cinquenta quilómetros de distância. tinha sardas, mas preferiria não as ter. andava numa escola católica, mas preferiria estudar num liceu público. tinha uma namorada chamada rosa, mas ela detestava-o. servia de acólito, mas era levado da breca e detestava os outros acólitos. queria ser um bom rapaz, mas tinha medo de ser um bom rapaz, pois temia que os amigos o considerassem um bom rapaz. era arturo e amava o pai, mas vivia no medo de crescer e de se tornar mais forte do que o pai.'
in 'a primavera há-de chegar, bandini', de john fante, traduzido por rui pires cabral, para as edições ahab
isto, meus caros, não escreve qualquer um. agora imaginem o prazer que é ler centenas de páginas sempre com a fasquia lá em cima.. 'pergunta ao pó' e 'a primavera há-de chegar, bandini' estão já traduzidos para a nossa língua, num esmerado e dedicado trabalho de competentíssimos tradutores e de apaixonados editores. numa livraria, perto de vós. corram.
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