e há em ti uma beleza devastadora, como todas as belezas que conjugam, para além da superfície, uma ideia da própria beleza. repara, josep, não és mais do que um homem. mas conseguiste, mais uma vez, derrotar o cinismo matreiro, o culto da eficácia, a soberba de sua majestade. e como o fizeste tu, josep? com meios, claro que sim. mas, acima de tudo, com uma ideia positiva, uma formidável máquina de futebol total, à altura de todas as laranjas mecânicas que vimos jogar. uma máquina alimentada pelo génio humano e pela ideia furiosa (sim, é herberto helder, que querem?), furibunda, de que é possível ser o melhor, guardando silêncio, sendo elegante, unindo na ponta da chuteira qualidade individual e coreografias colectivas. ontem, josep, puseste a tua equipa a jogar como no tempo do 'dream team' - essoutra equipa de sonho, de há quinze ou vinte anos atrás. quando uma certa ética (porque é disso que se trata) se junta a uma certa estética (porque é também disso que se trata), ficamos todos arrasados pela beleza, como dizer agora, convulsiva. josep, nós, os habituais perdedores do mundo, ajoelhamos perante ti. nos noventa minutos de uma partida de futebol resgatámos essa coisa linda - a ideia de que, mesmo neste mundo calculista e mecânico, ainda é possível aos bons ganharem aos maus. com a elegância moral de quem sabe ter a razão (ou melhor, uma certa ideia de razão..) do seu lado, mesmo que contra todos os ares do tempo, contra todas as espumas dos dias. foi lindo, épico - como um poema in progress, arrebatadora ideia viva, a caminho de se cumprir.
moltes gràcies, josep.
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