21 outubro 2010


a rotina das descontinuidades e a descontinuidade que há nas rotinas são sinais cifrados em que convém reparar. digo eu. por exemplo, esta manhã. na exacta intersecção do alcatrão com o cimento - ambos vincadamente urbanos -, acontece finalmente o encontro que os céus adiavam. ali, por debaixo da luz azul-dourada, junto às escadas de acesso do parking, lá estavam eles: o homenzinho dos cães de laçarote colorido (procurem bem e hão-de encontrá-lo num poema antigo..) e o salvador dali de campolide. aos mais atentos a estes meus escritos, não escapará decerto que falta ainda o bukowski de campolide, para completar o quadro. eu não sei se isto faz alguma espécie de sentido. mas gosto de acreditar que há mundos paralelos - aqui mesmo está um, que me liga a ti que me lês -. nesta outra ordenação do universo, há mundos que se interligam. o pequeno quadro desta manhã é apenas um. como se a grande arte fosse uma irmandade de anjos espalhados pela cidade - wenders em lisboa? does make sense.
às vezes, o paraíso - escreveu a ana luísa amaral. entendo-a tão bem.