por estes dias, os mais distraídos acordaram para a existência de um grande fotojornalista / repórter de guerra, de nacionalidade portuguesa, por razões funestas e que, com bastante probabilidade, colocaram um ponto final no trabalho de duas décadas a cobrir alguns dos mais perigosos teatros de guerra do mundo.
a partir da áfrica do sul e quase sempre em regime independente, ainda que trabalhando para vários jornais norte-americanos de primeira linha, este rapaz foi descoberto pelo instinto predador de alguns media e pela humana curiosidade de alguns outros meios de comunicação.
ontem, nas páginas do "público", pudemos ler um retrato sobre o percurso do joão. entre coisas normais e coisas menos normais - desde logo a mui peculiar ética de trabalho e personalidade de alguém que vive em zonas de perigo, mas que teme pelo bem-estar da sua família (que vive na áfrica do sul) -, duas referências captaram a minha atenção.
uma frase proferida por um dos quatro membros do grupo de repórteres de guerra que co-fundou, há quase vinte anos, (dois deles, entretanto, já falecidos..), sobre um outro acabado de ser atingido a tiro: "the boys are not untouchable anymore" - cito de memória. exactamente como quando crescemos e tomamos consciência do tempo, da morte, da finitude - efeito irreparável na consciência, a não ser pelos mistérios da fé.
e, principalmente, registei o testemunho de um amigo próximo e colega de profissão: "o joão, onde está, é sempre o preferido das crianças e dos animais."
digam lá: conhecem algum elogio mais bonito? esqueçam a espuma dos dias, por um bocadinho. que diz isto de um homem? talvez que é um Homem.
(vê lá se te pôes bom, pá.)
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