13 setembro 2010


em veneza, um dos nossos mavericks preferidos - vincent gallo - voltou a fazer das suas. como polémico realizador de mais um filme feito para dividir espectadores ("promises written in water") e como premiado actor (em "essential killing", do polaco jerzy skolimowsky).
neste último filme, faz o papel de um taliban em fuga do exército americano, algures em paisagens desoladas, num terra de ninguém sem cartografia exacta. do princípio ao fim da película, consta que gallo não profere uma única linha de diálogo.
tirando este detalhe final - o silêncio como linguagem radical -, tudo o resto conhecemos bem. no fundo, todos estamos em fuga de coisas mais poderosas do que nós, sem que percebamos bem onde realmente estamos, nem para onde devemos fugir.
claro que o cinema do polaco nunca falou de outra coisa que não de princípios ontológicos: de onde vimos, para onde vamos, quem somos? o resto é pirotecnia circunstancial.
pior do que a artilharia norte-america é seguramente o poder bélico que emana da dúvida, da angústia, da dor sem nome. e dos teus lábios, de vez em quando.
essentialy, we talk about killing.. ourselves. mutual killing, better said.