20 julho 2010

do amor


passamos uma vida à procura do amor superlativo,
nos bosques, na boca de pássaros de fogo,
na copa das árvores mais distantes,
galáxias por inventar - pensamos.

e depois, sentados à beira de uma metálica cama,
a conclusão chega de mansinho
como tudo o que é óbvio
e que faz o seu caminho:

afinal o amor que tanto procuramos
não é o amor de quem amamos
antes de quem nos ama.

um amor destes não rima com romances, nem com palavras bizantinas, nem com constelações semânticas,
um amor destes não rima com erotismo que pede cama.

é tão simples:
o amor é
o nosso nome soletrado por quem nos ama,
matando de morte matada a morte macaca,
que ronda essoutro-objecto-agora-ainda-cama.

eu sou de quem me ama, mais cama menos cama.
eu sou quem com o meu nome faz milagres, magia, tornados, universos.
eu disse que sou de quem me ama?
disparate, meninos!

eu sou quem me ama.