11 maio 2010



repara, laura, nas minhas palavras,
uma hipótese entre tantas outras de seres feliz.

aqui, neste bairro que só nós dois habitamos,
nenhum linguista ousará desfazer
os nós entrelaçados dos nossos dedos;
nenhum filologista romperá jamais
os elos, os laços, os traços
que nos unem
e reúnem
à volta da enorme árvore frondosa da praça maior:
a linguagem.

de alexandre dito o grande, restam os livros.
de roma, outro tanto.
alexandria, sião, constantinopla?
poeiras
varridas pelo tempo.
já as palavras teimam, insistem, resistem.

como esta minha ideia louca, laura,
de te fazer feliz
por pura osmose semântica.

um dia, alguém dirá: foram felizes, tão felizes, aqueles dois.
e sabes que mais, laura?
no espaço destas exactas 27 linhas mal escanhoadas,
descontando já as linhas brancas,
sei que
fomos fomos fomos fomos

- isto é: sei que somos.