14 maio 2010


declaração de intenções


para aqueles que insistem em diluir
isto que escrevo aquilo que eu vivo
é mesmo assim, embora aluda aqui
a requintes que com rigor esquivo.

à língua deito lume, o que invoco
te chama e chama além de ti, mas versos
são uma disciplina que macera
o corpo e exaspera quanto toco.

fazer poesia é árido cilício,
mesmo que ateie o sangue, apenas pus
se extrai, nem nunca pela escrita

um sólido balança, ou se levita.
então sobre o poema, o artifício,
a borra baça, a mim a extrema luz.


margarida vale de gato
in 'mulher ao mar' (editora mariposa azul)
 
[ou de como a uma superlativa tradutora, dizem os entendidos, se soma agora uma perfurantemente estupenda nova poeta. bem-vinda.]