06 julho 2009

[reparem, ali mesmo em baixo, como um homem impossivelmente belo enfrenta as trevas: com o cabelo bem penteado, não por vaidade mas porque a dignidade estética encerra sempre um princípio de dignidade ética; cabisbaixo, porque assim dói menos, perante a irreversibilidade do que se aproxima. reparem, ali mesmo em baixo, do lado direito do vosso écran, a cor escura avança em direcção a ele, como se de um tornado em 'slow motion' se tratasse, como se de uma tempestade tropicável formidável se tratasse. reparem, ali mesmo em baixo, como no auge da juventude, da fama, da beleza física, é já a perda anunciada que tudo domina. és pó, homem, lembra-te todos os dias disso, todas as horas, todos os minutos. renuncia.]