26 junho 2009

estação de inverno: algumas coordenadas





a passos largos, aproximamo-nos do final da segunda época do programa 'estação de inverno' (rádio zero, lisboa, com retransmissão na ruc - rádio universidade de coimbra).

teremos mais três programas e depois o imenso verão da nossa infância fará das suas. nesse dia 14 de julho, irá para o ar a 'estação #76', assinalando o final de mais um ciclo.

tal como na primeira época (2007/2008), também esta segunda (2008/2009) fica marcada pela divulgação apaixonada - medo de quê? da palavra? - de umas dezenas de poetas portugueses, nossos contemporâneos, abrangendo desde a geração de 60 até aos nossos dias. de vez em quando, insistimos, é bem verdade, em nomes que nos dizem muito. sabemos que a poesia do triunvirato manuel de freitas, josé miguel silva, rui pires cabral não será para o gosto de todos. mas é uma poesia do aqui e agora, uma poesia do real, fortemente geracional e, na minha modesta opinião, um documento que - heresia - vai bem para além do seu papel enquanto artefacto poético. desolada, descrente, formalmente pouco ambiciosa? talvez. mas, ao mesmo tempo, furiosamente viva. e isso é para nós uma característica fundamental da arte. e da vida, passe o pleonasmo pouco subtil.

os próximos dois programas (a 'estação #74'e a 'estação #75)' serão utilizados para levar até aos meus doze ouvintes(!) o último livrinho de rui pires cabral, de seu nome 'oráculos de cabeceira', mais uma preciosidade editada pela averno. musicalmente, recorreremos, mais coisa menos coisa, a duas dúzias de 'clássicos da estação' - aquelas canções densas e melancólicas, aquelas melodias impossíveis, aquelas letras arrepiantes.. de que tanto gostamos. e que, agora é tarde para ser de outro modo, tão decisivamente contribuíram para criar a identidade do programa.

ficará, no final dos dois próximos programas, a faltar ainda a 'estação 76'. talvez façamos uma pequenina surpresa, humilde na exacta medida da nossa própria escala.. sobre este último programa desta segunda série, daremos oportunamente mais notícias, no destaque habitual que, todas as segundas-feiras, damos à estampa, neste mesmo 'blog'.

e assim o tempo passa. mas isso já sabemos. mas isso já sabíamos. o tempo é (só) o que fazemos com ele. nada mais.

o verão já espreita, mas o inverno está ainda e sempre no bolso da camisa, mesmo em cima do coração. silly heart, you bastard..