26 junho 2009

da decadência da civilização ocidental


há umas semanas atrás, um jovem colega meu, por um quase acaso, pediu-me opinião sobre uma maquete relativa a uma campanha de marketing.

há um par de dias, pede para falar comigo e passa-me para a mão um exemplar de uma conhecida revista ('em primeira mão, para agradecer a sua ajuda' - qualquer coisa do género, disse-me o rapaz).

e é assim que acabamos, sózinhos na torre de marfim, o mundo inteiro lá fora, a folhear o número 100 da revista 'maxmen'(!) e a ler a coluna e a entrevista da ilustre margarida rebelo pinto, tentando explicar aos leitores (e às eventuais leitoras) quais as diferenças entre homens e mulheres, as coisas que os homens devem saber e um curioso aviso à navegação feminina sobre as características que são, no seu entender, absolutamente decisivas para escolher um, sejamos modernos, parceiro. carácter e desvelo erótico (não me ocorreu uma expressão mais bonita e suave - e isto ainda é uma casa de gente - vós, leitores meus - séria..). porque, diz a douta margarida, é aquilo que, dia a após dia, é absolutamente estrutural num homem e, por maioria de razão, definidor de uma relação.

eu que nunca li um livro da menina, mas que sempre li, em consultórios, aeroportos e afins, as suas colunas de opinião e as suas entrevistas de ocasião (a cada um oráculo que merece?), apenas posso dizer que fiquei altamente deprimido. acreditando que as mulheres são um ser superior - religião que fervorosamente professo -, resta-me perceber em qual dos critérios falho: se num, se no outro.. se nos dois. desconfio que sei a resposta.

sejam meus amigos, sejam minhas amigas: não vale a pena comentar este 'post'. talvez seja o pré-anúncio da 'silly season', aqui no jardim de inverno. ou talvez seja a fúria racionalista, que por vezes me assalta, de tudo querer entender.

o que eu sei é que, se porventura observado, deveria ser um triste espectáculo, aposto: entre caixotes anunciando mudanças, papéis por toda a parte, rascunhos com poemas oblíquos, mensagens 'new age' dirigidas a mim próprio e afixadas aqui e ali, um verão completamente do lado de fora da janela, e eu, entre 'oráculos de cabeceira', 'guias improváveis', 'post its' mal semeados, lendo a maxmen n-º100..

da decadência. ou, como diria kierkegaard, do 'tremor' e do 'temor'.

ou, se calhar, só do amor.