10 março 2009




tens um disco em casa, entre vários, comprados não sabes bem porquê. escutaste-o uma ou duas vezes, na diagonal quando muito. nunca te conquistou - aliás, pensas, nada tem a ver contigo, com a tua cena, como dizem os putos.

por causa dos teus afazeres como respigador de pérolas, mergulhas numa mão-cheia de discos pouco apreciados e, no topo da pilha de perdedores, lá está ele. o seu branco resplandece, tal como a sua estética non-sense. chama-se 'lil' beethoven', de uns rapazes de sua graça 'sparks'. dois irmãos que andam nisto há uns valentes anos (décadas, amigos, décadas).

pegas nesse disco em particular. escutas a primeira faixa (esta que aqui reproduzimos). e a segunda. e a terceira. não é a tua cena, é bem verdade. mas, que é isto..? o disco é de uma frescura incrível. que harmonias são estas? de onde vem este toque de absurdo nas letras, de humor quase cáustico e negligente, este lado absolutamente lúdico, esta vertigem semi-sinfónica, esta pitada de loucura, este 'twist que brilha'?

aconteceu o mesmo, há anos atrás, com o escritor douglas coupland. não gostavas. um dia, insistes e deslumbras-te.

quantos discos mais?

quantos livros mais?

quantas pessoas mais?

(..see my point?)