16 janeiro 2009

(..)

faço isto para mim, para me certificar que há um equivalente visual para aquilo que sinto. (..) é um trabalho sobre um ser só que olha para os escombros, alguém que já não tem ilusões de que está a viver num mundo regido por falanges cinzentas e onde reina a delação e o pânico. este homem vai produzindo imagens surdas sobre o bolor, a fome e o frio. (..) é mais um trabalho de dissidência em relação à hipocrisia global que tenta vender a imagem da felicidade às pessoas. sinto-me só, sinto-me desiludido, mas por outro lado há uma espécie de serenidade interior por ter chegado a estas conclusões.

numa das fotografias da exposição, há um puzzle, onde se vê uma paisagem a que falta uma peça. que peça é esta?

sou eu. o mundo é como é e, embora não consiga mudar a paisagem do puzzle, aquilo que ainda posso fazer é não me encaixar nela.


paulo nozolino, em entrevista ao 'ípsilon', jornal 'público', acerca da sua mais recente exposição ('bone lonely'), sexta-feira, 9 de janeiro de 2009


[não, não era eu a falar sobre a génese deste blog. mas, como na anedota, percebo a ideia..]

3 Comments:

Anonymous Anónimo said...

A mais depurada e simples beleza profunda do que é trágico, duro e real.
Uma exposição impressionante mas não impressionista!
Luis

terça-feira, janeiro 20, 2009 10:12:00 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

estou a ver que ainda há quem ande atento, amigo luis.
sábias e certeiras palavras, as tuas - quer-me parecer.

um abraço,
gi.

terça-feira, janeiro 20, 2009 7:49:00 da tarde  
Blogger C-ASA said...

Estou longe dessas eituras e foi num quase acaso que encontrei esta tua casa.

Tenho lido. relido sobre Paulo Nozolino. Ele apareceu-me depois do al berto, já há muito tempo. E impressionoui-me também.

Como gostava de ver essa exposição.

segunda-feira, janeiro 26, 2009 2:24:00 da manhã  

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