03 dezembro 2008

para que não esqueçamos

..para que não mais esqueçamos que a água é a pedra mais dura.

..não podia durar.

..suspendendo por instantes o desejo de estar noutra cidade.

..amanhã, enfim, voltarei a casa.

..ficaria muito feliz se voltasses a cantar.

..por um momento, antes de desaparecerem.

..depois, começou a escurecer.

..acaba-se sempre demasiado depressa.

..não fazer nada, que é pior.

..o discurso opcional obrigatório.

..qualquer amada é eurídice, se a olharmos bem.

..os sonhos suicidam-se com soníferos.



doze excertos finais de doze poemas de mariano peyrou (argentina, 1971), traduzidos por manuel de freitas, para a revista 'telhados de vidro', n-º10, de abril de 2008, editora averno, pela ordem inversa de impressão.