no dia em que aterrei em lisboa
deixei algo longe, ficou para trás,
no olhar daquele crioulo louro,
no gesto largo daquele outro rapaz.
uma tarde a revistar as algibeiras,
por dentro, por fora - de todas as maneiras.
mas não encontrei palavras literais,
nem as metáforas mortas de ricouer,
nem signos, nem cifras, nem fórmulas,
nem criptografias vivas, nem geografias mortas.
procurava
o quê, o quando, o porquê, o quem,
por entre minudências de jornal.
mas nada servia para nada:
nada me fazia bem;
nada me fazia mal.
será então a ausência tudo?
será antes a presença nada?
tudo baço, tudo difuso,
tudo raso,
tudo mossa.
eu: nada posso.
tu: tudo passa.
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