18 novembro 2008

regresso

não vim à procura de nada
nem de saudades que não tenho
nem de carga do tempo perdido
nem de conflitos sobrenaturais
do tempo e do espaço

amei desde criança
certas coisas que não choro
fui a pureza deslumbrada que não volta jamais
o vidro sem ranhura que o sol atravessa
a pureza
que me deixou feridas imortais

vim para ver
para ver de novo
para contemplar sem perguntas
não vim à procura de nada
não me perguntem por nada
um rio não se interroga
o vento não se arrepende.



alberto de lacerda
[em memória de um homem que não foi deste mundo.]