das catedrais deste tempo detergente*
foto: eurice 2008
[em memória do senhor paul newman]
outros preferem as catedrais de betão armado, onde modernos cavaleiros da bola redonda sublimam o chumbo.
outros preferem os picos das montanhas mais distantes, lugar onde a suspensão do tempo é, talvez, ainda possível.
outros preferem as propriamente ditas, sinal do divino (a arquitectura esplêndida de tantas e tantas) e do Divino (para os bem-aventurados).
outros preferem as catedrais feitas de palavras, livros de uma vida que nos levam para longe do mundo baço e para perto do coração mais selvagem.
outros preferem os mares por navegar, onde todo o barco é um acto de fé e todo o mar um edifício de radical liberdade.
outros preferem catedrais feitas com sublimes notas musicais e palavras arrebatadoras - catedrais de plenitude espiritual que fazem da música altar de todos os credos.
eu prefiro-as todas, sem distinção. mas há uma onde aprendi a ser rapaz com H e para essa tenho um carinho muito especial..
a Cinemateca de Lisboa faz 50 anos.
parabéns aos senhores félix ribeiro e joão bénard da costa, os directores da Cinemateca que, creio, habitaram os mesmos dias que eu. e parabéns a todos aqueles e aquelas que, atrás das cortinas, contribuíram e contribuem para que a nossa vida valha um bocadinho mais a pena.
porque o cinema é uma maravilha maravilhosa. porque o cinema salva-nos do mundo e, tantas vezes, de nós próprios.
parabéns, amigos.
* referência a um célebre poema de ruy belo ('odeio este tempo detergente').
1 Comments:
Dizem que o Cinema é a 7ª Arte, mas para mim essa classificação está desactualizada. O Cinema é claramente a 1ª e soberana forma de arte destes tempos detergente. Apesar de haver muita porcaria que se chama a si próprio cinema, quem gosta de cinema como forma de arte, sabe reconhecer o valor dos senhores por trás das câmaras.
Excelente post e dedicação à Cinemateca!
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