a senhora de idade, vergada pelo peso dos anos e pela deformação que lhe acentua a curva das costas até ao intolerável. difícil acreditar na justiça, seja ela qual for.
o homem africano, moderadamente garrido nas cores que ostenta, mas com traços indisfarçáveis dessoutro mundo que é essoutro continente. de curioso rádio a pilhas erguido por um braço forte, espalhando notícias do mundo, talvez trazendo notícias de casa.
o casal de namorados, em perda angustiada e angustiante. aquele olhar que só aparece nos dias do fim, que diz tudo. minutos depois, numa rua contígua à esquina onde primeiro, num rodapé de montra, estavam sentados, uma cara feminina passa e parece carregar toda a tristeza do mundo. segundos depois, passa um corpo masculino - seta, flecha tensa. que lhe irá dizer? resgatá-la-á do supremo olvido que é o fim do amor? ou apenas acentuará ainda mais os tons ainda mais pardacentos do dia que se recolhe?
logo pela manhã, bem cedinho, já um copo (quantos mesmo?) bebericado. que leva pouco, melhor será ir apanhar ar - resmunga ensimesmado. cruza-se connosco e, de repente, algo o faz crepitar. tira do bolso um papel, um rectângulo encarnado onde se lê 'benfica'. beija-o e diz: 'isto é que é, isto é que é'.
pelo canto do olho, pelo retrovisor do carro, através da janela aberta. o mundo arromba-nos a tranquilidade.
estão em toda a parte, em todo o sítio, o tempo todo.
são uma máquina furiosa de raiva e melancolia, ternura e lágrimas. são rios à solta sobre o concreto cimento da cidade e sob um céu apenas abstracto.
o homem africano, moderadamente garrido nas cores que ostenta, mas com traços indisfarçáveis dessoutro mundo que é essoutro continente. de curioso rádio a pilhas erguido por um braço forte, espalhando notícias do mundo, talvez trazendo notícias de casa.
o casal de namorados, em perda angustiada e angustiante. aquele olhar que só aparece nos dias do fim, que diz tudo. minutos depois, numa rua contígua à esquina onde primeiro, num rodapé de montra, estavam sentados, uma cara feminina passa e parece carregar toda a tristeza do mundo. segundos depois, passa um corpo masculino - seta, flecha tensa. que lhe irá dizer? resgatá-la-á do supremo olvido que é o fim do amor? ou apenas acentuará ainda mais os tons ainda mais pardacentos do dia que se recolhe?
logo pela manhã, bem cedinho, já um copo (quantos mesmo?) bebericado. que leva pouco, melhor será ir apanhar ar - resmunga ensimesmado. cruza-se connosco e, de repente, algo o faz crepitar. tira do bolso um papel, um rectângulo encarnado onde se lê 'benfica'. beija-o e diz: 'isto é que é, isto é que é'.
pelo canto do olho, pelo retrovisor do carro, através da janela aberta. o mundo arromba-nos a tranquilidade.
estão em toda a parte, em todo o sítio, o tempo todo.
são uma máquina furiosa de raiva e melancolia, ternura e lágrimas. são rios à solta sobre o concreto cimento da cidade e sob um céu apenas abstracto.
1 Comments:
Demolidor. então as 3 últimas linhas...
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