28 julho 2008




sábado à noite, quase por acaso, dou por mim a rever o filme 'the searchers / a desaparecida', um ultra-clássico da cinematogrtafia em torno do 'old west', um dos muitos assinados pelo senhor john ford.

no domingo, fui ver o novo 'batman - the dark knight'.

entre uma coisa e outra há uma distância técnica, semântica, semiótica. mais do que evolução do cinema e do cinema enquanto espelho da vida, há aqui um deslizar civilizacional que perturba. a 'gravitas' de ford é terrivelmente humana, pesa mais do que toda a pirotecnia brilhante do rapaz nolan. o 'ethos' e o 'pathos' de ambos os filmes aproximam-nos, porque ambos giram em torno da 'identidade', de um certo espírito sacrificial de missão, de um desajustamento ao contexto causado pela fidelidade a princípios interiores. neste plano de leitura, ambos são filmes ricos, densos. o problema é que enquanto no rapaz nolan todas as angústias existenciais parecem uma pantomina metafórica, no filme do senhor ford elas nos parecem dilacerantemente reais. e isso, meus amigos, ainda faz toda a diferença.

nem sequer é dos meus filmes preferidos de john ford, nem sou um especial cultor do género 'western'. mas, como dizia o outro, mesmo trôpego ainda sei ver umas coisinhas.

[vale a pena ver o 'batman'? vale, sim senhor. para aqueles que saltam linhas, sempre à espera do número de estrelas ou da recomendação final. estávamos a falar de outra coisa, oh gente distraída..]