lembro-me bem desse tempo sem e.mail,
computador, browser, messenger, blogs
lembro-me bem desse tempo de papel,
desenhado a tinta com cor, cheiro, textura
lembro-me bem do tempo em que se desenhava a palavra amor,
seus contornos, sublinhados, traços,
até as sombras e a parte escura.
lembro-me bem da fisicalidade desse escrever,
agora em que a electrónica é nossa senhora
em que os dedos são já só bites e baites,
em que em vez das noites certas, temos só the right nights.
às vezes apatecia viajar no tempo,
reaparecer numa fila dos correios
ansiosos pela espera da nossa vez,
comprar selos,
inundar os lábios de cola,
fazer da carta a semiótica de uma reencontrada pureza
voltar são e salvo à criança que fomos (infância à mesa)
um cavaleiro reinvestido
da távola redonda que resta:
escola dos sentimentos altos,
gestos elevados, carácter nobre.
deixar para trás este futuro que anuncia 'e.ouro'
mas nunca deixa de ser moderado cobre.
tinta, papel, dedos,
coração em risco de comoção
escrever como dantes, sem medos,
arder de amor no frio
e morrer branco e puro
em cada ínfima inundação.
computador, browser, messenger, blogs
lembro-me bem desse tempo de papel,
desenhado a tinta com cor, cheiro, textura
lembro-me bem do tempo em que se desenhava a palavra amor,
seus contornos, sublinhados, traços,
até as sombras e a parte escura.
lembro-me bem da fisicalidade desse escrever,
agora em que a electrónica é nossa senhora
em que os dedos são já só bites e baites,
em que em vez das noites certas, temos só the right nights.
às vezes apatecia viajar no tempo,
reaparecer numa fila dos correios
ansiosos pela espera da nossa vez,
comprar selos,
inundar os lábios de cola,
fazer da carta a semiótica de uma reencontrada pureza
voltar são e salvo à criança que fomos (infância à mesa)
um cavaleiro reinvestido
da távola redonda que resta:
escola dos sentimentos altos,
gestos elevados, carácter nobre.
deixar para trás este futuro que anuncia 'e.ouro'
mas nunca deixa de ser moderado cobre.
tinta, papel, dedos,
coração em risco de comoção
escrever como dantes, sem medos,
arder de amor no frio
e morrer branco e puro
em cada ínfima inundação.
9 Comments:
Eu ainda me permito reviver esses tempos de papel, caneta, selos e envelopes. No Natal, gosto e faço questão de escrever algumas palavras na parte de trás de um simples postal, e enviar envelopes atrás de envelopes, para familiares e amigos, perto e longe. Normalmente escrevo palavras que pouco têm a ver com a época em questão, mas que têm tudo a ver com as pessoas para quem as mando e com aquilo que significam para mim.
Penso que saibas exactamente do que falo...
Abraço, Gi.
"coração em risco de comoção
escrever como dantes, sem medos,
arder de amor no frio
e morrer branco e puro
em cada ínfima inundação."
Muito bonito. É a poesia que se insinua nas coisas. Que se saboreie na boca, devagarinho, como se quer na Primavera.
Um dia pode ser que também receba um postal....
...ou um cardo de rosas.
olá, nuno
sim, sei EXACTAMENTE do que falas..
abraço, rapaz.
gi.
p.s. welcome back ao jardim.
--
sim, um dia:
um postal
uma flor
uma rosa
um poema
ou um naco de prosa
- mas que valha a pena.
[um dia será!].
obrigado,
flores.
gi.
Eu também me lembro bem desse tempo antes do telemóvel. Um tempo em que tudo funcionava e corria bem e não sentiamos falta de nada.
Sim,
Vou parar de deixar comentários aqui.
Não faz sentido nenhum.
Seria o mesmo que largar umas palavras para agarrar-me a outras.
Abaixo as ninfas e as musas.
Estou farta de viver num mundo fictício.
Feito de palavras.
Desculpa. Não tens culpa de nada disto (apaga os meus comentários s.f.f)
também me lembro bem!
rita codex ;)
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