the untitled works #10
eram oito e cinquenta e nove desta manhã
quando o polícia de giro descruzou a perna
para melhor simular a sumptuosa autoridade
de quem faz rimar ao acaso pistola e taberna.
esta manhã pelas oito e cinquenta e nove
de perna já descruzada e sorriso engatilhado
o polícia de que falávamos faz alto a um táxi
e apruma a autoridade, por si mesmo deslumbrado.
juro que eram oito e cinquenta e nove juro
quando o polícia surpreende - e logo surpresa xxl
ajuda uma velhinha a entrar no táxi lá de trás;
onde se lia pistola leia-se agora favo de mel.
oito e cinquenta e nove minutos - já vos disse?
era vê-lo, todo garboso e finamente aprumado,
despedindo-se da velhinha com uma continência
e dando ordem de 'siga' ao taxista embasbacado.
pela última vez: oito e cinquenta e nove da manhã
vi com estes olhos que tão mal sabem por vezes ver:
ainda há esperança para a tão pitoresca polícia
pelo menos enquanto em lisboa não amanhecer.
percebem agora as oito e cinquenta e mesmo nove?
(one minute to nine yes it could be said that way)
afinal um minuto depois eram já umas exactas nove,
do polícia, taxista e velhinha não mais se soube,
mas deixaram-nos uma coisa que só eu sei..
[até breve]
quando o polícia de giro descruzou a perna
para melhor simular a sumptuosa autoridade
de quem faz rimar ao acaso pistola e taberna.
esta manhã pelas oito e cinquenta e nove
de perna já descruzada e sorriso engatilhado
o polícia de que falávamos faz alto a um táxi
e apruma a autoridade, por si mesmo deslumbrado.
juro que eram oito e cinquenta e nove juro
quando o polícia surpreende - e logo surpresa xxl
ajuda uma velhinha a entrar no táxi lá de trás;
onde se lia pistola leia-se agora favo de mel.
oito e cinquenta e nove minutos - já vos disse?
era vê-lo, todo garboso e finamente aprumado,
despedindo-se da velhinha com uma continência
e dando ordem de 'siga' ao taxista embasbacado.
pela última vez: oito e cinquenta e nove da manhã
vi com estes olhos que tão mal sabem por vezes ver:
ainda há esperança para a tão pitoresca polícia
pelo menos enquanto em lisboa não amanhecer.
percebem agora as oito e cinquenta e mesmo nove?
(one minute to nine yes it could be said that way)
afinal um minuto depois eram já umas exactas nove,
do polícia, taxista e velhinha não mais se soube,
mas deixaram-nos uma coisa que só eu sei..
[até breve]
4 Comments:
Às tuas 8h59 percorria as ruas vazias da cidade.
Caía uma chuva pesada, melancólica, de encontro ao guarda chuva que escondia parcialmente os olhos.
Eu sorria por detrás da chuva, enquanto galgava um cigarro, por uma coisa que não posso contar.
O som dos meus passos ecoava nas ruas.
Ninguém me viu a sorrir, mas alguém ainda pressente os meus passos. (Acho que foi por isso que o polícia estava deslumbrado).
Intimissimo.
;)
maravilhada a colega*, com a candura, o ritmo e a ligeireza da tua narrativa.
um beijo-abraço
bluff.
* não da poesia, mas das edições (das ediças e das edicinhas)
encantada :)
até breve!
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