no way back sempre será a expressão do ultimato interior. rosas crescem desordenadas e como sempre desordenado é o jardim campo magnético em dissenção. jardineiros ao longe de costas voltadas e em movimento de fuga definem a linha do horizonte. distopias aparecem como cosa mentale, em italiano arcaico, língua por aprender mas que não precisa de ser aprendida para funcionar como dispositivo de revelação. a língua é apenas um mecanismo supletivo, antes dela pássaros doidos caíam já das árvores sem que isso queira dizer que não os percebêssemos. tudo o que percebemos está antes e para além da linguagem, cartilagens subcutâneas que o nosso sangue trilha. o sangue não é líquido nem sólido nem névoa dispersa. árvores desaparecem no horizonte sem porquê. não existem árvores nem horizonte. da popa do navio em contra-vapor contemplamos o mar salgado tão salgado como na balada. deixamos para trás as convenções o tempo convenção maior e a pontuação que até aqui nos ajudava a fazer passar o sentido. mas se acreditamos na não-linguagem se acreditamos na capacidade visceral de este novo sangue nos revelar o sentido último então também a pontuação deve ser aligeirada suprimida exterminada para que fique só o turbilhão vertiginoso. se a lógica é uma ortodoxia a convenção é um mapa triste e sem encanto toscamente desenhado para permitir ir de uma ilha deserta para a próxima sobrevivendo ao turvelinho das marés vazantes e das falsas enchentes e ao brilho das seráficas sereias - que é para a aliteração dar também ar de sua graça. as gargantas apertam, água por beber dói de tanto ser bebida no tempo futuro, relembramos que pontuação lógica sentido ficaram lá atrás navegamos então sem convenções forma radical de liberdade num mundo feito para caminhar sobre carris. fora das pistas continuamos a corrida divergente, solilóquio risível. longe da proficiência, longe da coragem, longe da verdade, as palavras escorrem ainda com grafia correcta e acentuação. levar o exercício até ao fim? não. isto sou só eu isto é só hum omem
07 março 2008
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4 Comments:
E esse homem sem pêndulo, esse homem que é homem nenhum, que o deixou de ser, para ser uma outra coisa qualquer, entalado na noite, e que trava um cigarro solitário, ter-se-á perdido para sempre? Porque eu escuto as palavras desse homem, que diz que já não é homem, que se transfigura noutro ser, como se estivesse a metaforsear-se, em estado de crisálida. Esse homem sente. Esse homem lateja. Eu ouço daqui.
Fumemos novamente hoje dois cigarros solitários, mesmo que corramos o risco de amanhã quando acordarmos não nos reconhecermos, porque estamos em fase de transfiguração, estamos de passagem, para outra coisa qualquer.
Dois estranhos, dois cigarros solitários. E o fumo desvanescer-se-á na noite, e nós nos desvanescernoemos também.
"Hey, are you awake?
Yeah i´m right here.
Oh can i ask you
about today"
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