02 janeiro 2008

sadness in his eyes says it all

Definha à espera de investidores


Os antigos sanatórios, mas também casas, terrenos, lojas e edifícios, estão à venda ou ao abandono. Aquela que foi a única vila portuguesa planeada de raiz perdeu o brilho de outrora e está hoje praticamente abandonada.

A vila foi criada em 1921 e foi a primeira do País a dispor de saneamento básico e electricidade. Nasceu para cuidar dos tuberculosos mas com a erradicação da doença a estância foi desactivada e aos poucos foram sendo encerrados e abandonados os 19 sanatórios que acolhiam doentes de todo o País. A situação é lamentada pelo presidente da Junta de Freguesia: "temos um ar de abandono e desmazelo que nada condiz com a beleza desta serra", afirma o autarca. Reconhece que, apesar de procurar não existem investidores. "Nem mesmo o Estado quer saber disto", desabafa.

Na vila silenciosa, três das placas que apregoam 'Vende-se' encimam sanatórios: o da Bela Vista, pertença de um médico de Coimbra; a "Antiga Zona", nome que os locais deram ao sanatório que funcionava como bloco operatório, propriedade de uma empresa de Albergaria-a-Velha; já o Sanatório Central foi comprado aos antigos donos pelos proprietários de um café na vila que agora se querem desfazer dele.

Um agente imobiliário da cidade mais próxima consultado pelo DN aponta valores na casa dos "400 mil euros para o sanatório Central e 150 mil para o da Bela Vista".

Já o Sanatório Salazar deu lugar a um Hotel. Dois outros sanatórios foram transformados em casas de habitação. Outros três foram convertidos em lares para idosos. Um recebe doentes com problemas psiquiátricos. Existe ainda um que é propriedade da Opus Dei e onde a ordem realiza retiros e encontros. Três foram demolidos. Os restantes permanecem abandonados, emparedados e à espera de investidores que tragam melhores dias.

O Sanatório Infantil, propriedade do Ministério da Saúde, é um dos que estão ao abandono e, pese embora o esforço na busca de soluções para o edifício por parte do presidente da Junta, "o Estado demorou três anos a responder-me". Para me dizer que estavam a analisar o processo. Entretanto o sanatório vai ruindo", desabafa.

Também o pequeno comércio, habitações e terrenos estão à venda. "Os preços são exorbitantes. Um café, degradado e que precisa de grandes obras chega a custar 50 mil euros. Uma casa a precisar de obras totais pode custar 60 mil euros", refere o agente imobiliário.

Apenas o Grande Sanatório, propriedade de uma importante família local, vai sendo usado para fins culturais. São os proprietários da sociedade que detém o que resta do espólio dos sanatórios e aguardam por investidores que "queiram rentabilizar este património". Entretanto o abandono alastra: terrenos inundados de mato, comércio decadente, casas emparedadas.


in, Diário de Notícias, 31.12.07
(ligeiramente editado)

2 Comments:

Blogger R. said...

...

e o tempo passa,assim :(

fui feliz no 'Infantil', brinquei,cantei,aprendi tanta coisa..

no 'Salazar',antes de dar lugar ao hotel,era um lugar de esconderijos e travessuras..

enfim..neste caso,quem espera,desespera!

apesar de tudo isto,a 'minha' serra ainda brilha.impossível esquecer a excelente infância que me proporcionou!

Beijo,gi.

sexta-feira, janeiro 04, 2008 1:07:00 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

assim é, como dizes: 'impossível de esquecer'.
quando algumas pessoas me falam da sua áfrica de outros tempos (ou da sua lisboa de outros tempos) - com aquele misto de saudade e de nostalgia tão especial -, eu penso para comigo que sei do que estão a falar, que sei o que estão a sentir.
because
'once they had a farm in africa'.
and once we had a childhood and a youth in a magical place.
that's what i often name as 'my own private idaho' - um estado emocional e mental no retrovisor que é quase impossível de descrever. excepto, claro, para quem esteve lá. como tu.

beijinhos, vertigo.

gi.

sexta-feira, janeiro 04, 2008 9:49:00 da manhã  

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