14 dezembro 2007




nunca vi nenhum filme teu, naquele jeito característico meu de, à razão de tanto querer saber tudo sobre tudo, acabar sabendo nada sobre pedaços importantes do nosso 'cultural landscape'.

sei que foste excessivo, que tinhas um feitio não raro insuportável, que a tua vida privada foi, talvez à semelhança da tua obra, torrencial, vertiginosa, sinuosa, por vezes, 'incompreensível'.

atravessaste uma época sem glamour, num país a braços com o lado mais negro da sua psique, falavas e filmaste numa língua cheia de esquinas e de ângulos ríspidos.

mas, que raio, quem deixa uma cinematografia com mais títulos do que anos de vida (40 e picos filmes vs. 37 anos vividos..); quem deixa uma cinematografia que é um tratado sobre os abismos da alma; quem deixa um rol de filmes com nomes tão consistentemente interpelantes como aquele que tu deixaste.. merece que, mesmo sem ter visionado um único filme completo, aposte que tinhas em ti qualquer coisa à solta, ou melhor, qualquer coisa solta. qualquer coisa que tentaste dizer, da maneira que podias, da maneira que sabias - por fotogramas em movimento.

[rainer werner fassbinder, alemão, morreu aos 37 anos.]

o amor é mais frio do que a morte
cuidado com essa puta sagrada
as lágrimas amargas de petra von kant
o medo come a alma
o desespero de veronika voss
num ano de treze luas
o direito do mais forte à liberdade
roleta chinesa
eu só quero que vocês me amem
oito horas não são um dia
como um pássaro no fio
o medo do medo
desespero: uma viagem para a luz

querelle

(nota: alguns títulos referem-se a encomendas para televisão; algumas das traduções para português são em versão brasileira).

2 Comments:

Blogger ana salomé said...

são títulos de filmes mas lêem-se como se fossem um só poema... estranho...

*

sábado, dezembro 15, 2007 12:29:00 da manhã  
Blogger un dress said...

vi vários:

todos

de paixão

perturbação

e excesso...

esses.

domingo, dezembro 16, 2007 11:38:00 da tarde  

Enviar um comentário

<< Home