[de como se encontram, em dias felizes, cintilantes críticas de cinema maiúsculo - um acto de amor em palavras.]
a sombra do caçador - charles laughton (1955)
era um rapaz que guardava um tesouro,
uma espécie de constância, se quisermos,
e não sabia a quem o confiar. a vítima ideal,
dir-se-ia, de todos os piratas. mas não,
não era esse o caso. no epicentro da constância
o que ferve é amor, e este era um rapaz
conduzido pela voz de seu pai. havia nele
o dom da fidelidade. nós, que facilmente nos
vergamos a potências de melaço e sentimentos
indolores, não sabemos nada disso.
ele sabia. e assim, quando o lobo, de olhos
lacrimosos, foi rondar a sua porta, o rapaz
fez o que Cristo faria: deixou a sua casa
e fugiu por cima da água, ao encontro
de uma cruz de carne e osso. onde pôde,
finalmente, repousar. e o mal, mesmo
viajando noite e dia, nunca soube dar com ele.
foi sorte, dizeis vós. não foi. simplesmente,
era um rapaz que possuía um tesouro
a que se agarrar, e também a necessidade
de o entregar a quem, de não ser como os demais.
josé miguel silva.
[uma pessoa lê isto e.. oh boy..]
2 Comments:
uma pessoa ouve isto e... oh girl..
lindíssimo... e muito mais do que. :)
Já li que há poemas que podem fazer mudar o rumo da nossa vida.
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