já nos cinquentas, em plena fase de maturidade, o senhor k. conheceu a que viria a ser a sua última mulher, 27 anos mais nova do que ele próprio. seria a sua última mulher em duplo sentido, uma vez que era, de facto, a terceira (oficialmente, claro está; nestas coisas, nunca podemos saber tudo, não é verdade?) e que foi igualmente a sua companheira até ao fim dos seus dias.
diz a lenda, alimentada em parte generosa pela própria, agora senhora k., que o primeiro contacto entre ambos foi 'por telefone'. foi, por conseguinte, a voz o primeiro elemento identitário entre ambos - o que remete, de imediato, para os complexos domínios da 'linguagem'.
impressionado pela sua voz ('impressionado' tem aqui um sentido mais próximo da semântica inglesa em torno da palavra 'impressive'), o senhor k. terá imediatamente criado uma representação visual a propósito. o seu wandering spirit, o seu inner feeling, o seu emotional landscape, o seu sentido musical, a sua forte identidade estética fizeram o resto.
a aguarela de que falamos chama-se 'the unknown voice'.
a senhora k. chamava-se, até então, nina nikolayevna andreevskaya.
o senhor k. era também conhecido como o wassily kandinsky..
5 Comments:
...
como amo kandinsky e esta história..
*
ana
:)
:)
I'm impressed ...:)
I do love him!
Hugs
Sim e ele sentia o sabor das cores e escutava vibrações que saltavam da tela. O K. era um gajo evoluído. Nada de psicotrópicos nem absintos:)
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