25 julho 2007

run away, turn away, run away, turn away..

tal como tantas e tantas vezes, olhou as paredes-céu e pensou: as coisas que me acontecem. ou as coisas que faço acontecer. vai dar ao mesmo. que conversa esta. a lei das improbabilidades, sou um tratado na lei das improbabilidades.

do alto dos seus quase 20 anos, ela havia dito coisas assim:
- porque tens uns olhos tão tristes? não tens quem tos acenda?
- porque é que estás sempre a pensar?
- sabes que a vida são dois dias e que mesmo aos quase 20 anos já é possível saber isso (quanto mais aos 25 ou assim, que é o que deves ter)..
- onde é que estás agora, agorinha mesmo (os teus olhos não estão aqui, isso é certinho!)?


continuou a pensar, naquele seu jeito de se ausentar. como se uma emoção abstracta o percorresse por dentro e bloqueasse todos os seus tendões, todas as suas células nervosas. assim uma espécie de 'stand-by', ainda por acender, apesar de se ver a luzinha de serviço mínimo vital ligada. só a pensar. pensar, pensar, pensar.

- tens uns olhos bonitos, um sorriso bonito, umas mãos bonitas. devias pensar menos, cismar menos (sim, a voz de há pouco continuava a ecoar dentro de si).
- é tudo culpa do signo. tens um signo tramado, é como te digo. sei do que falo, podes crer. mas olha, sabes que mais, não te esqueças que podes escolher. não digo que seja fácil ou rápido ou isso, mas é possível. é isso que é importante. estás a ouvir-me?, falo contigo.., estás a ouvir-me?

claro que a estava a ouvir. não é todos os dias que uma miúda de 19 anos entra assim, a pés juntos - mas com doçura. uma espécie de altivez própria da juventude, um porte indefinidamente aristocrático, mas uma intenção inegável no uso das palavras e na procura de um efeito essencialmente bom (de quando se quer bem).

um desperdício. como não lembrar - mesmo quando se está a pensar o universo - este qualificativo, para mais dito pelos lábios mais improváveis? um desperdício, repetira a voz. o que é que era um desperdício? - tenta lembrar-se, ainda e sempre de si para si.

de si para si.
sempre em silêncio, sempre a ferver, sempre em estilhaços.
deixa uma frincha na porta, pode ser que a sabedoria da juventude faça nova visita. afinal, ele é o rei das improbabilidades. das improbabilidades prováveis.

1 Comments:

Blogger Nuno Guronsan said...

Situação diferente, o mesmo sentimento, o mesmo sentido de desprendimento e ausência.

E como é que se pára de pensar, pergunto eu?

Abraço, meu caro.

sexta-feira, julho 27, 2007 11:39:00 da manhã  

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