no mesmo dia, desapareceram 2 dos últimos grandes cineastas clássicos.
depois de bergman, antonioni.
depois de bergman, antonioni.
ficamos com godard, rohmer..
dos 4 ases, a sorte madrasta fez um raide fulminante ao tabuleiro de jogo - levou-nos, com uma só mão, dois dos quatro.
é assim a vida. nascemos e logo logo começamos a morrer.
difícil escrever obituários, quando nos toca a nós, à nossa grande família - aquelas pessoas que nunca conhecemos mas que nos formaram o carácter, que nos moldaram o olhar, que nos transmitiram valores que nenhuma escola por onde passámos ousou sequer aflorar.
ao menos assim, ao panteão dos imortais, chegaram de mão dada. a discutir se o plano panorâmico de michelangelo valia mais do que o grande plano do ingmar. se o vazio de deus, que habitava um e outro, era mais captável quando esculpido nos rostos de bergman ou nas coreografias desérticas de antonioni. se monica vitti ou liv ullman. se, se, se. em amena cavaqueira, com aquela sensação de que cumpriram a sua longa e exigente missão - fazer da vida uma jornada ética.
filmar, mostrar o imostrável, representar em película o medo, a angústia, a opressão interior, a ausência, o deserto vermelho, o gelo que crepita e estala. a aventura humana, no seu lado mais sombrio. e verdadeiro.
sublime e insustentável este cinema.
(alguém, aí atrás, disse.. esta vida?)
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