18 julho 2007

lisbon revisited - a minha cidade

o meu manifesto:

1. quero que a nomenklatura municipal se afaste deste kremlin com tejo ao fundo. não sendo possível, passemos a coisas possíveis (exigentes, mas possíveis).

2. quero que estes 2 anos que faltam até às próximas eleições sejam usados para:

a) resolução de 10 (e não 100! ou 342!) problemas urgentes, que sejam quick wins para a cidade e a sua população (residente e móvel). back to the basics.

b) força de tarefa, incluindo experts da administração central, para gizar plano que contrarie, a longo-prazo, a asfixia financeira da câmara municipal (sim, é matéria árida; mas sim, é matéria sine qua non..)

c) que os partidos (e as forças supra-partidárias que agora se revelaram) pensem nestes 2 anos numa ideia de cidade, num desígnio estratégico e num master-plan. mais do que sound-bytes, medidas avulsas ou teorizações vazias, quero que se apresentem, daqui a 2 anos, com verdadeiros contratos-programa com os eleitores; então sim, escolheremos com base em mais do que 'simpatias partidárias', 'carisma pessoal', 'votos contra alguma coisa'. queremos votar 'a favor'!

d) que o modelo, caduco e ineficaz, segundo muitos constitucionalistas e especialistas em direito administrativo, de organização política do poder local seja revisto, a tempo das próximas eleições. não queremos assembleias municipais contra executivos camarários; queremos uma clarificação do modelo [presidencialista ou parlamentarista, mas não o que temos: 'o pior dos dois' (vital moreira, no jornal público de hoje)].

3. quero, a médio-prazo, uma cidade

aberta ao mundo, cosmopolita (porque é um traço distintivo que cada vez mais, num mundo globalizado, será uma vantagem competitiva)
fraterna (para com os idosos, para com as crianças, para com os jovens, para com os desvalidos)
people friendly (porque as cidades são das pessoas, pelas pessoas, para as pessoas)
business friendly (porque estamos no século XXI)
talent friendly (porque é o futuro que aqui se joga)
navegável (com mobilidade interna)
com uma identidade estabilizada (o que é, o que não é, o que quer ser, o que não quer ser) e partilhada entre administração central, local, população, sociedade civil, etc.

quero uma cidade que seja desejável.
quero uma cidade sedutora.
quero uma cidade que seja um affair memorável para quem cá vem.
quero uma cidade que seja um amor de uma vida para quem cá permanece. e que mais e mais affairs sejam suavemente transformados num 'enduring-life-lasting-love'.
quero uma cidade em branco - onde tudo seja (ainda) possível.
quero uma cidade que nos diga:
- honramos os mais velhos, porque a cidade é deles, antes de todos os outros; temos memória!
- respeitamos e atraímos os adultos, porque sabemos que aqui se joga a sustentabilidade de um projecto social;
- seduzimos os jovens em processo de solidificação de vida, porque queremos uma cidade cheia de energia e groove; porque queremos ganhar a batalha do hoje, do amanhã e do depois de amanhã;
- amamos as crianças, porque queremos alegria à solta e porque queremos criar novos cidadãos que digam um dia: 'nado, criado e vivido em lisboa. viajei pelo mundo e nunca encontrei um lugar assim. perguntem aos meus filhos. e perguntem ao meus netos. dir-vos-ão o mesmo!'.

não somos os maiores,
não somos os mais eficientes,
mas somos bons

em atrair empresas de nova geração
em atrair empresas dos palops e brasileiras
em atrair investimentos anglófonos

criámos corredores com pequim e com nova deli
(é agora comum vermos estudantes desses países a estudar em lisboa
na rede de empresas e universidades que entretanto algumas grandes escolas lançaram por cá ou naquelas que, fruto de uma estratégia de alianças, joint-ventures, 'coop-tição', as nossas souberam criar)

somos flexíveis.
somos rápidos.
somos adaptáveis.
somos pacíficos.

e temos aquele sol, aquele mar, aquela brisa, aquela luz, aquele balanço que faz com que nos apaixonemos por um sítio vivo.

acorda, lisboa!
tens tudo para ser 'tanto',
não queiras ser 'só';
abre as asas e vôa, lisboa!


5 Comments:

Blogger le temps des cerises said...

assino por baixo.

quarta-feira, julho 18, 2007 7:53:00 da tarde  
Blogger Nuno Guronsan said...

Não podias ter sido tu o décimo terceiro candidato? Serias muito provavelmente o vencedor, com um discurso destes...

:)

A sério, temo que muitas das coisas que aqui deixas, e que são vitais para uma cidade como Lisboa, estarão, daqui a dois anos, inalteradas. Ou, usando um jargão mais político, adiadas, para a geração que vier a seguir. Sempre para os que vierem a seguir...

Abraço.

quarta-feira, julho 18, 2007 10:25:00 da tarde  
Blogger Sofia Viseu said...

Há pouca gente interessada na Cidade a julgar pelos votos que entraram nas urnas e, por isso, não tenho grandes expectativas. Aproveito a deixa do Nuno e, se quiseres ser o próximo candidato, tens o meu apoio. E escrevendo tu tão bem, peço apenas em troca que confies mais na nossa língua para definir "Lisboa". Esta língua de sussurros, ligeiramente enrolada, que parece tão sedutora quando comparada com os sons mais anglófonos… um beijinho

quinta-feira, julho 19, 2007 9:55:00 da manhã  
Blogger A. said...

...-a nossa.











um beijo.e um sorriso agradecido.

ana.

sábado, julho 21, 2007 9:25:00 da tarde  
Blogger gi said...

a sublinhado:
obrigado. tudo começa com 'um'. bastam 'dois' e mudamos o mundo. já somos dois..
uma flor,

nuno:
não, não podia.
não gosto de televisão e de outras armas de destruição civilizacional;
não gosto de 'spin doctors';
e assim não me safava ;-). ainda acabava a discutir com o candidato do pnr e com o senhor da câmara pereira (manuel monteiro, com o devido respeito, passo..). e eu sempre gostei de andar com as companhias certas (não quer dizer em boas companhias, necessariamente..).
mais a sério: enfim, sei que tudo mudará para que tudo fique na mesma. está nos clássicos.
um abraço e obrigado,

cristal,
como já te disse, noutro jardim, point taken! quero dizer: registei. as minhas desculpas por abusar dos anglicismos e do 'business english'. perdi a mão, por momentos ;-).
beijinhos,

a ponto sublinhado,
olá.
'a-nossa', sim. lisboa-a-nossa.
porque uma cidade só faz sentido no plural.
talvez um dia faça desta cidade a missão da minha vida; por enquanto, é tempo de fazer de mim o projecto da minha vida. talvez um dia me canse e então sim..
let's follow the flowers?

gi.

domingo, julho 22, 2007 1:02:00 da tarde  

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