09 julho 2007

impressões a sul

destes dias marítimos (atlânticos, apetecia cantarolar, como faziam os nossos ban), ficam algumas impressões. meras notas de viagem. por isso mesmo o título: impressões.

1. dos abraços que nos consolam a alma

um abraço longo e saboroso com o meu velho amigo sr. j. vindo de lisboa, na sexta, vim ao encontro de um jantar de amigos da família. os meus pais, de propósito, combinaram inventar uma ligeira pantomina, não revelando quem era 'a amiga' que vinha a caminho, ter com as minhas irmãs. excusado será dizer que quando o sr. j. me viu, por entre as janelas cruzadas dos carros, de lá veio aquele sorriso franco e fracamente alegre. diria que é aquele sorriso das coisas simples, algo que, nos nossos dias, nos esquecemos de exercitar com mais frequência. bom, abraço dado, lá fomos para uma daquelas tasquinhas paralelas à ria formosa, algures para as bandas de tavira. por vezes, esqueço-me destes prazeres simples; do bom que é, por entre um copo de vinho sem marca e uma imperial, provar um portentoso arroz de lingueirão. conversar horas a fio, sobre tudo e sobre nada. e ouvir dizer - e dizer -: 'que bom é estar aqui'; 'estou tão contente por teres vindo'; 'gosto de ti'. é assim como que se a alma que trazemos amarrotada das agruras e desencontros da vida, por artes mágicas, recuperasse aquele viço brilhante que nos diz: 'enquanto houver estrada para andar, a gente vai continuar, a gente vai continuar' (jorge palma). leiam como quiserem, com a amplitude que quiserem.

2. da nostalgia com vista para a infância. e das coisas certificadas.

ficámos instalados - família nuclear completa, digamos assim - no mesmo aldeamento de quase sempre. este quase sempre refere-se aos tempos em que eu e as minhas irmãs éramos meninos. um conjunto de casas semi-ligadas entre si, muitas árvores e jardins em redor. tudo harmonioso, bem tratado, mas sem aquele ar artificial dos jardins de agora. casas simples, típica arquitectura dos anos 60 (aquele suave travo a 'decadência com charme', para olhos que saibam ver e apreciar..), um grande relvado para o qual quase todas dão. cheiro a pinheiros. acordar bem cedo com a luz brilhante que entra pela janela, embalados pelo canto dos pássaros que nos envolvem com os seus bailados. há muitos pássaros, bem bonitos. sinal de que a natureza deu a sua caução a este espaço. isto sim é uma certificação a sério. em vez de papel, sons, cores e cheiros. e animais a olharem para (e por) nós. e coisas que batem certo. e aquela serenidade indefinível que só o mergulho na natureza pode dar. senti o mesmo no topo do mundo, há muitos anos atrás.

ainda podemos estar aqui, mais de 20 anos depois. seja lá o que isso quer dizer, a minha gratidão. vocês sabem do que é que eu estou a falar. fica o silêncio, esse companheiro de viagem que tantas vezes fala mais alto do que qualquer palavra. poupemos no estilo. fique a essência. um silencioso obrigado.


3. dos mares nunca dantes navegados. dos pólos. dos bilhetes postais. do espanto. da supresa. dos gomos de tangerina.

coisa linda.
coisa linda.
coisa linda.
é isso. é tanto. é tudo.

3 Comments:

Anonymous Anónimo said...

gi,desta vez um abraço..

:)

segunda-feira, julho 09, 2007 11:06:00 da tarde  
Blogger gi said...

:-))

segunda-feira, julho 09, 2007 11:28:00 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

i

agora sim com tempo
aqui a ver a filmes a tocar
"na parede"
'and surprise me'
sim. lindíssimo.
sim.
you
'got me writing lyrics on postcards...Then in the evening looking at the stars.'

'Thank you for this'...
e pelos
sorrisos 10000
a caminho

quarta-feira, julho 11, 2007 12:08:00 da manhã  

Enviar um comentário

<< Home