poetas cá de casa: helga moreira
a tua voz ao telefone
entre um fax,
o correio electrónico
e outras banalidades,
a tua voz,
é o único sinal
de deslumbramento
nesta tarde.
in 'os dias todos assim'
apenas do amor quero tão alto preço
do mais pouco ou quase nada peço
dias há em que o verso pede rima
como este a querer o que estima
e que não direi; pois que a vida
se se sente desordenada
ou em ardor que começa e finda
imprevisível em cada coisa e nada
ninguém assim o determina.
apenas de quando em quando vestígios
por entre duas cidades, dois rios
um a norte, outro a sul que te imagina
ou balouça ou adormenta se o penso
querer dizer aqui o que não posso
in 'tumulto'
se Deus com um sinal viesse
se em ti me prolongasse
a luz seria toda a luz
que nos merece
se Deus ou quem por ele
em ardor nos encontrasse
apenas o que em nós
é corpo e desejo de súbito
todo o amor seria
tempestade, acalmia.
e se Deus for corpo
se Deus for ave, te envie
em um sopro, o que me cabe
dizer-te algum dia, quem sabe.
in 'tumulto'
eu só de luz me sustento
de corpos, rostos irradiantes.
chega de coisas baças.
mas adiante.
apenas quero das horas
o instante
a cada instante.
in 'tumulto'
obra publicada:
'cantos do silêncio' (1978)
(..)
'os dias todos assim'
'desrazões'
'tumulto'
'agora que falamos de morrer' (2006)
entre um fax,
o correio electrónico
e outras banalidades,
a tua voz,
é o único sinal
de deslumbramento
nesta tarde.
in 'os dias todos assim'
apenas do amor quero tão alto preço
do mais pouco ou quase nada peço
dias há em que o verso pede rima
como este a querer o que estima
e que não direi; pois que a vida
se se sente desordenada
ou em ardor que começa e finda
imprevisível em cada coisa e nada
ninguém assim o determina.
apenas de quando em quando vestígios
por entre duas cidades, dois rios
um a norte, outro a sul que te imagina
ou balouça ou adormenta se o penso
querer dizer aqui o que não posso
in 'tumulto'
se Deus com um sinal viesse
se em ti me prolongasse
a luz seria toda a luz
que nos merece
se Deus ou quem por ele
em ardor nos encontrasse
apenas o que em nós
é corpo e desejo de súbito
todo o amor seria
tempestade, acalmia.
e se Deus for corpo
se Deus for ave, te envie
em um sopro, o que me cabe
dizer-te algum dia, quem sabe.
in 'tumulto'
eu só de luz me sustento
de corpos, rostos irradiantes.
chega de coisas baças.
mas adiante.
apenas quero das horas
o instante
a cada instante.
in 'tumulto'
obra publicada:
'cantos do silêncio' (1978)
(..)
'os dias todos assim'
'desrazões'
'tumulto'
'agora que falamos de morrer' (2006)
2 Comments:
Hoje como nunca antes
apetece
tratar a beleza por tu
e de algum modo estonteante
tu seres eu,
eu tu.
in 'Agora que falamos de morrer'
é 'só' um dos meus poemas preferidos desta senhora.
obrigado, cara anónima.
:-)
Enviar um comentário
<< Home