12 abril 2007

capra e o seu heroísmo do homem comum, kusturica e alegria que interrompe o cinzento, os fantasmas de lynch, os medos de cronenberg, a angústia elegante em hitchcock, a serenidade de ford, os planos rasos em ozu, a soberba triste e genialmente humorada de césar monteiro, a ternura amorosa e a permanente hesitação das personagens de rohmer, gosto dos olhos de james stewart que me emocionam por dentro, gosto do pathos e da gravitas de bergman, gosto dos olhos tristes de henry fonda, gosto do charme de cary grant, gosto do daniel auteill, gosto do bill murray, gosto de filmes delicados, gosto do hal hartley e do seu henry fool (como um dia me chamaram), gosto do romantismo inebriante de wong kar way, gosto da plasticidade impossível de zhang yimou, gosto de truffaut e das suas personagens de carne e osso, gosto das novas vagas e das velhas, de cinema novo e de clássicos, de obscuros e luminosos (todos por igual), gosto de breaking the waves - o único trier que me tocou -, gosto de film noir e dos seus anti-heróis e mulheres fatais, gosto de animação-japonesa-a-sério, gosto de edward norton, gosto de algum spike lee, gosto da verve frágil - da fraqueza se faz força - de woody allen, gosto de cinema complexo e de cinema simples, gosto da força das ideias, gosto do deslumbre estético e gosto do deslumbramento ético, gosto dos melodramas clássicos - douglas sirk e companhia -, gosto das cinematecas e das memórias de outrora, gosto de westerns morais, gosto de filmes independentes feitos de carolice e muita vontade de dizer (chama-se urgência, uma palavra que, a par de intensidade, me poderia definir), gosto de actores que o tempo esqueceu e de actrizes que o tempo desprezou, gosto de has been, de loosers, de personagens que nos pegam pelos colarinhos interiores, gosto de histórias de redenção - porque é o milagre possível -, gosto do buñuel mexicano e do seu calor e fealdade viscerais, gosto dos garbosos e ultra-românticos italianos (visconti), gosto da miséria sem freio de 'feios, porcos e maus' (etore scolla), gosto de filmes feitos com 500 dólares, gosto de cinema-poesia, gosto de cineastas humanistas que nos mostram um mundo que doutra forma não existiria para nós, gosto de cinema oriental moderno, gosto dos primeiros kurosawas, gosto do tempo em que via 25 filmes no verão, gosto de tom cruise em certas alturas (oh, suprema vergonha), gosto da beleza não óbvia da jeanne moreau, gosto do joão benárd da costa e da sua-nossa cinemateca, gosto de filmes à meia-noite no quarteto,
gosto de mil e uma coisas.
e gosto outro tanto de outras tantas que não conheço.

3 Comments:

Blogger Abssinto said...

clap-clap-clap!

...Temos cinéfilo! Eu sou menos que zero em cinema, não me lembro dos actores, troco os nomes dos realizadores...Mas quem não gosta de ver um bom filme europeu? (incluo o cinema português!)

Abraço

quinta-feira, abril 12, 2007 10:59:00 da tarde  
Blogger Nuno Guronsan said...

Gosto da infância que o Tim Burton me traz, demente e pura. Gosto da claustrofobia do David Fincher. Gosto dos encontros e desencontros de Coppola, da Sofia entenda-se. Gosto da genialidade e imponência de Sergio Leone. Da violência de Peckinpah. Da violência recheada de humor negro de Tarantino. Gosto dos sonhos de Gondry e de Jonze. Dos mafiosos scorcesianos. Gosto ainda do café e dos cigarros de Jarmusch. Da emergência em tentarmos ser, de facto, humanos como os que Fernando Meirelles filma. Gosto de me perder nos mundos mágicos que saem das telas de Miyasaki-san.

E gosto também de muitos dos que mencionas. Claro.

Abraços cinemáticos.

sexta-feira, abril 13, 2007 5:36:00 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

vénia, caro abssinto.
claro, caro nuno.
abraço(-vos) em 'technicolor'.
gi.

sexta-feira, abril 13, 2007 5:50:00 da tarde  

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