relembrando sophia (bom fim-de-semana)
I. 'porque'
porque os outros se mascaram mas tu não
porque os outros usam a virtude
para comprar o que não tem perdão.
porque os outros têm medo mas tu não.
porque os outros são os túmulos caiados
onde germina calada a podridão.
porque os outros se calam mas tu não.
porque os outros se compram e se vendem
e os seus gestos dão sempre dividendo.
porque os outros são hábeis mas tu não.
porque os outros vão à sombra dos abrigos
e tu vais de mãos dadas com os perigos.
porque os outros calculam mas tu não.
II. 'biografia'
tive amigos que morriam, amigos que partiam
outros quebravam o seu rosto contra o tempo.
odiei o que era fácil
procurei-te na luz, no mar, no vento.
sophia de mello breyner andresen
porque os outros se mascaram mas tu não
porque os outros usam a virtude
para comprar o que não tem perdão.
porque os outros têm medo mas tu não.
porque os outros são os túmulos caiados
onde germina calada a podridão.
porque os outros se calam mas tu não.
porque os outros se compram e se vendem
e os seus gestos dão sempre dividendo.
porque os outros são hábeis mas tu não.
porque os outros vão à sombra dos abrigos
e tu vais de mãos dadas com os perigos.
porque os outros calculam mas tu não.
II. 'biografia'
tive amigos que morriam, amigos que partiam
outros quebravam o seu rosto contra o tempo.
odiei o que era fácil
procurei-te na luz, no mar, no vento.
sophia de mello breyner andresen
4 Comments:
Sempre cristalina.........
cristalina é uma boa palavra. uma palavra exacta, como exacta é a poesia da Sophia.
exacta, no sentido de 'justa' (a palavra 'clara' e 'certa' - nenhuma outra serviria tão bem o seu propósito).
há uma certa densidade que aproxima a poesia de sophia de uma escultura clássica.
um abraço.
gi.
... esta poesia não se fez (faz!) a reboque das mais rebuscadas metáforas - as que luzem dos dedos de sophia são de uma singeleza bela e desarmante: como a sua figura.
abraço
olá, ri.ma.
é sempre bom ver-te por estes jardins.
não posso concordar mais - há uma limpidez, uma simplicidade, uma espécie de despojamento.. que espanta e comove.
obrigado por o relembrares.
um abraço.
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