heart shaped post
'desato'
às vezes invento
outras vezes desgraço
desbravo os sentidos
castigo ou desato
deponho o que sei
acrescento o que faço
às vezes construo
outras vezes desfaço
'sentidos'
eu ouso a paixão
não a recuso
escuto os sentidos sem o medo por perto
troco a ternura da rosa
ponho a onda no deserto
a tudo o que é impossível
abro e rasgo o coração
debaixo coloco a mão
para colher o incerto
desembuço o amor
no calor da emboscada
infrinjo regras e impeço
troco o sonho dos deuses
por um pequeno nada
desobedeço ao preceito
e desarrumo a paixão
teço e bordo o meu avesso
e desacerto a razão
'vulnerável'
tiro o resguardo do peito
entreabro o seu postigo
destranco as portas da alma
derramo a luz e o leite
deixo a noite onde era a calma
a casa aberta ao ladrão
sou vítima do que persigo
dou-te as chaves se me pedes
escrevo do cofre o segredo
sou a sombra do meu medo
mas o meu susto desdigo
chamo os linces que farejam
o sangue a dor e o vento
trago os chacais rastejando
por dentro do sofrimento
maria teresa horta
in 'inquietude', edições quasi, 2006
às vezes invento
outras vezes desgraço
desbravo os sentidos
castigo ou desato
deponho o que sei
acrescento o que faço
às vezes construo
outras vezes desfaço
'sentidos'
eu ouso a paixão
não a recuso
escuto os sentidos sem o medo por perto
troco a ternura da rosa
ponho a onda no deserto
a tudo o que é impossível
abro e rasgo o coração
debaixo coloco a mão
para colher o incerto
desembuço o amor
no calor da emboscada
infrinjo regras e impeço
troco o sonho dos deuses
por um pequeno nada
desobedeço ao preceito
e desarrumo a paixão
teço e bordo o meu avesso
e desacerto a razão
'vulnerável'
tiro o resguardo do peito
entreabro o seu postigo
destranco as portas da alma
derramo a luz e o leite
deixo a noite onde era a calma
a casa aberta ao ladrão
sou vítima do que persigo
dou-te as chaves se me pedes
escrevo do cofre o segredo
sou a sombra do meu medo
mas o meu susto desdigo
chamo os linces que farejam
o sangue a dor e o vento
trago os chacais rastejando
por dentro do sofrimento
maria teresa horta
in 'inquietude', edições quasi, 2006
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