18 janeiro 2007

postcards: 'the boy under influence'

micah p hinson is a solo musician from texas although when playing live has contract musicians playing on stage (made up of friends). micah paul hinson catapulted from being a skate-kid down on his luck to making one of the year’s finest and most critically acclaimed debut albums: 'micah p hinson & the gospel of progress'. in the meanwhile, a second studio album has been edited 'mich p hinson & the opera circuit', as well as other 'more underground' material.
- in wikipedia

"americana album of the month" 4/5 UNCUT
"raw, sophisticated and sublime folk and country-tingled epistles" 4/5 MOJO
"wracked but intimate thing of beauty" 4/5 INDEPENDENT
"the sun hasn't set on this boy" 4/5 TIMES
"sparse, broken ballads" 4/5 OBSERVER MUSIC MONTHLY
"the opera circuit confirms the talent releved in his acclaimed gospel of progess debut" 4/5 SUN
"gothic americana worth paying attention to" GUARDIAN
"tracks owe their roots to ray charles and country ballads" 4/5 DJ
"astonishing debut of cosmic country noir 9/10 NME
"truly, a gospel of redemption to believe in" 4/5 Uncut
"remarkable beauty 4/5 Mojo"
"up there with Bob Dylans Idiot Wind" 5/5 Times
"classic in the making 4/5" DJ
"wonderful stuff" Time Out

este rapaz de voz grave, profunda e soturna, profundamente melancólico e que grita palavras que oscilam entre o fogo e o gelo, tem uma história já quase mitificada (e que ele próprio alimenta): uma história de perda e de luto, de um amour-fou (com uma modelo de ocasião da americana 'vogue'). de uma adolescência de subúrbio, anódina e anónima, a uma paixão funesta, caminho escorradio para vícios farmacológicos, roubo de pacotilha, prisão, humilhação. de 'never been' to 'has been', em menos de um fósforo.
contudo, a redenção apareceu-lhe sob a forma de talento e determinação. e escreveu um disco - o tal disco de estreia - profundamente autobiográfico que é, com propriedade, o esconjurar dos seus demónios.
mais recentemente, aparece marcado na carne e no espírito por uma persistente dor de costas, que o imobilizou num hospital durante meses e que o fez regressar a uma insalubre dieta de comprimidos. mas que, de certa forma sinuosa, lhe permitiu também conceber e gravar o seu mais recente álbum, recorrendo a amigos e oscilando, físicamente, entre o próprio hospital e a sua casa de convalescente.
biografia a mais, obra a menos ? assim parece.
para tirarem as dúvidas, nada como colocar a girar o seu disco de estreia. e vejam com os vossos ouvidos e escutem com os vossos olhos e bebam com o vosso coração a assombrosa sequência de canções que este rapaz escreveu e que interpreta num registo sempre intimista, em que as palavras oscilam entre uma espécie de lamento sussurrado (em surdina) e um grito visceral (talvez com destinatário bem definido).
'micah p hinson and the gospel of choir' é uma obra rara. como quem começa uma catedral pelos vitrais, micah, aos 22 anos, chegou ao apuro perfeito da sua arte de convocar fantasmas, para melhor os destruir - uma ode a um amor arrebatador e total que já passou de prazo, deixando atrás de si feridas que é preciso cicatrizar.
a palavra por bisturi, a melodia por analgésico, a memória emocional como mesa de operação.. e a fúria as itself.

4 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Micah P. Hinson & Will Johnson - Lisboa - Café Teatro Santiago Alquimista - dia 24/01, às 22h00.

quinta-feira, janeiro 18, 2007 2:13:00 da tarde  
Blogger gi said...

obrigado pela dica!
é caso para dizer: lá estarás!!
;-)

sexta-feira, janeiro 19, 2007 12:50:00 da tarde  
Blogger Ricardo Mariano said...

Excelente post: música pungente a do Micah.

Abraço

sexta-feira, janeiro 19, 2007 3:14:00 da tarde  
Blogger gi said...

obrigado, ri.ma.
pungente é a palavra - daquelas bem difíceis de pronunciar em todos os seus contornos.
um abraço.

sexta-feira, janeiro 19, 2007 4:07:00 da tarde  

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