em israel, um rapaz e um outro rapaz levantaram-se. 
a ligá-los aquela coisa que pode ser, 
em certos dias claros, a vontade de ter vontade de fazer. 
ao final dessa mesma tarde, era já no brasil que trocavam 
palavras por acordes. no calçadão dessa cidade 
acabadinha de inventar, cruzaram-se, então, 
com um espectro, vindo de botecos mais punk rock. 
alguém que se tinha levantado,  nesse exacto mesmo dia, 
a sonhar com tim maia e israel.  ou com tim maia em israel. 
de maneira que a conexão cósmica topou com eles três. 

abençoada seja a metafísica do acaso. 

e sob uma brisa baile tropical, 
eram já estrelas acabadinhas de acender.

dancing our sorrows away


cristalina palavra descendente
é o teu nome

em tempos, as idas à igreja
hoje, estas catedrais baixas

como essa holanda, em que penso
enquanto te sonho em mim

despeço-me de ti
com beijos de bocas que chovem

e peles que se tocam de raspão
debaixo do sol

cristalina palavra és tu, digo,
que me feres de luz

até ao bosque final em que
num slow motion eterno

nos possamos enfim cumprir,
rebentando de amor.